Destaque para a educação, festas e cultura alemã

  • Arquivo/Folha do Oeste - São João do Oeste conquistou novamente o título de cidade mais alfabetizada de Santa Catarina

Desde a chegada dos colonizadores alemães a religião e a educação sempre foram prioridades. No livro Porto Novo: do Reino Religioso ao Poder de Mercado, os autores Paulino Eidt e Edinaldo Enoque Silva Junior, destacam que a escolaridade mínima foi assegurada desde o início. Era consenso entre os colonizadores, a ideia de que não se poderia deixar a infância sem a opção da escola. Desta forma, a educação escolar foi, desde o início, uma formação moral e intelectual. Segundo relatos históricos, assim que instalados, a primeira ação dos pioneiros alemães era construir uma igreja, com espaço suficiente para acomodar uma sala de aula.

A preocupação dos colonizadores alemães com a educação passou por gerações e hoje rende bons frutos. São João do Oeste, por exemplo, é tricampeão nacional em alfabetização. De acordo com o Censo de 2010, o município conquistou novamente o título de cidade mais alfabetizada de Santa Catarina, e segundo mais alfabetizado do País. Para a professora mestre em Linguística, Valesca Simon Pauli, o melhor nível educacional catarinense tem relação direta com a cultura. “A educação é prioridade para os alemães. Há um grande investimento do poder público, educadores e família nesta área”, acrescenta.

De acordo com a professora mestre em linguística, na escola há um grande incentivo para fortalecer e manter a cultura alemã. Conforme Valesca, além de promover eventos, o ensino municipal oferece aula de língua alemã, que inicia ainda no jardim. “É uma forma de preservar a cultura. Incentivamos as crianças a falar alemão em casa. Além disso, existe a necessidade de se aprender línguas estrangeiras, quanto mais línguas se aprender, melhor. É um apoio à educação e à cultura local”, afirma. Além de preservar a língua que os antepassados trouxeram da Alemanha, São João do Oeste preservou outros aspectos da cultura germânica, que contribuem também para o turismo local. No município, em Itapiranga e Tunápolis, funcionam corais e grupos de danças em diversas comunidades, além de grupo de patinação, teatro e bandinhas de música. 

Divertir, promover a cultura e unir a família. Segundo o ex-prefeito de Itapiranga e também de São João do Oeste e um dos difusores da cultura alemã na região, Ottmar Schneider, este era o sentido da música para os alemães. De acordo com ele, nos tempos de colonização em que não havia energia, a noite era possível escutar os cantos alemães entoados pelas famílias vizinhas. “Ainda hoje, é muito forte o incentivo a música nesta região, prova disso, é que praticamente todas as comunidades possuem corais. E isso é possível perceber nos três municípios”, enfatiza.

Conforme um dos propulsores e incentivador da cultura alemã em São João do Oeste, José Helmuth Körbes, a música é uma vacina para a alma. “Temos em torno de 300 associados que dão apoio ao nosso coral, em São João do Oeste a sociedade acaba mantendo o coral. A música é muito forte na cultura alemã tanto que cada comunidade daqui tem seu coral”. Comenta Körbes.

FESTAS TÍPICAS

Em São João do Oeste, no mês de maio, acontece a Erntedankfest, festa típica em agradecimento pela colheita realizada pela paróquia São João Berchmans. Em julho, mês em que se comemora a imigração alemã no Brasil, o município promove a Deutsche Woche - Semana Alemã. O evento considerado um dos maiores referentes à cultura alemã na região, atrai anualmente um grande número de turistas, movimentando a economia local.

Durante a semana que promove a cultura e a diversão, característica típica dos alemães, são promovidas provas tradicionais, como os concursos do Serrote e do Chopp em Metro, Gincana Folclórica e Cultural, Torneio de Schafkopp, Concurso da Piada e da Mentira, além da Noite Cultural, com várias apresentações artísticas. Outra atração anual é o Festival da Canção Alemã nas categorias infantil, juvenil, adulto e sênior. 

OKTOBERFEST

Eidt explica que na Alemanha a Oktoberfest é realizada há alguns séculos e o objetivo principal da celebração é a comemorar a colheita que ocorre no país europeu em outubro. Atualmente na região a Oktoberfest é considerada uma festa da tradição alemã e é realizada em muitos municípios catarinenses que são marcados pela colonização Deutsche. Em Itapiranga a Oktoberfest iniciou há mais de 30 anos na linha Becker, tanto que o município ostenta o título de ser o berço nacional da Oktoberfest.
A ideia de realizar a Oktoberfest em Itapiranga surgiu quando em um domingo de outubro de 1979, Wiho Prost disse a dois amigos: “Wir mussen das Oktoberfest feiern als kulturellesfest, wie in München”, que quer dizer “Nós precisamos festejar a Oktoberfest como uma festa cultural, como em Munique”. O intuito era festejar e ao mesmo tempo preservar a cultura alemã local.

As comemorações eram feitas baseadas no conhecimento de Prost, que conhecia as tradições da festa em Munique. Em cima de uma carroceria enfeitada puxada por um trator, os participantes desfilavam cantando, acompanhados de gaita e violão. Ao final do passeio, todos se reuniam para continuar a comemoração em um potreiro, com muita música, comida e bebida. Alguns anos mais tarde, foram realizadas algumas mudanças nas festividades. Aí surgiu a introdução das comidas típicas. 

Já em 1982, a festa foi transferida para o salão da comunidade por causa da chuva. Para não perder o sentido, os organizadores buscavam as famílias com os tratores. Em 1985, foi aprovada a ideia de que toda a comunidade itapiranguense também poderia participar da Oktoberfest. Já em 1989, a festa passou a também ser realizada na cidade. Com a crescente participação da população e também de visitantes de todo o país e até mesmo do exterior, surgiu a necessidade da construção do Complexo Oktober, onde são realizadas as comemorações por parte da cidade. Já para a linha Becker ficam reservadas as festividades de abertura, o domingo cultural e o encerramento.

Apesar de ser a principal festa típica da cultura germânica, o antropólogo esclarece que a Oktoberfest não se encaixa com a realidade da região extremo oeste. “Aqui deveria ser em abril ou maio. Ficou com o mesmo nome com o mesmo mês, mas na região ela esta mal adaptada, não se encaixa por que aqui não é época da colheita. A maioria das pessoas não tem esse entendimento de que a Oktoberfest seria a celebração da colheita, como também a maioria acha que é uma tradição histórica do início da colonização, mas que na verdade nunca foi, por que os primeiros anos da colonização alemã foram de muita carência, muito isolamento e nem havia condições necessárias para se realizar esse tipo de festa”. 

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