Produção que ainda movimenta a economia local

  • Vandro Welter - A culinária alemã também é explorada e divulgada nas festas produzidas nos municípios de colonização germânica

As atividades iniciadas pelos colonizadores alemães, no início do século 20, permanecem e refletem ainda hoje na economia regional. Nos solos de Porto Novo, hoje Itapiranga, São João do Oeste e Tunápolis se produzia milho, feijão e outros grãos. Porém, o ponto forte da produção local era o tabaco e a banha de porco. A informação consta no livro Espírito Pioneiro - A herança dos antepassados, de Maria Rohde. “Ali, onde havia tanto trabalho a ser feito, não sobrava tempo para coisas e pensamentos inúteis. Era necessário trabalhar e rezar para que não faltasse a benção divina nas primeiras colheitas”, destaca a autora. Segundo consta no exemplar, o tabaco de Porto Novo, alcançou alto nível de desenvolvimento. Fábricas americanas e holandesas optavam pelo fumo da região, e pagavam preço elevado por estes produtos, entre os motivos estava a cor clara e o comprimento das folhas. Conforme a pesquisa, a alta manutenção da brasa tem a ver com o teor de enxofre contido no solo da região. Até hoje, as produções citadas são fundamentais na economia local.

GOSTINHO DA ALEMANHA

Em muitas casas ainda hoje é indispensável a presença de pratos típicos alemães no momento da refeição ou lanche. Segundo José Helmuth Körbes, bolachas e cucas são produzidas em sua casa com a receita original da Alemanha. A culinária alemã também é explorada e divulgada nas festas produzidas nos municípios de colonização germânica. Entre os pratos típicos, se destacam joelho de porco com chucrute (repolho fermentado naturalmente, com condimentos), spritz wurst (linguiça), torta de requeijão, cuca doce, torta de frutas com amendoim, entre outros.

ARQUITETURA

Resquícios de traços arquitetônicos das casas construídas na Alemanha no século 18 ainda hoje são encontrados nas cidades colonizadas pelos Deutsche. Em São João do Oeste, por exemplo, uma das principais características está nos telhados das casas que apresentam o estilo arquitetônico germânico. “As casas lá eram construídas com um telhado muito em pé e isso era feito para que a neve não acumulasse e despachasse mais rápido a chuva nas telhas”, diz Otmmar.

Em São João do Oeste uma das obras que mais deixa explicito o quanto os alemães dominavam noções significativas de arquitetura está na Igreja Matriz da cidade, cuja construção iniciou em 1945 e terminou três anos mais tarde. Hoje a obra cristã é considerada a maior igreja em madeira da América Latina. Sendo que toda a madeira usada foi extraída nas propriedades de membros da comunidade local da época. “Essa obra foi conduzida por três alemães, um era engenheiro e os outros dois auxiliares. O acabamento dessa igreja é algo impressionante, se formos olhar a tecnologia que existia na época na região, todo o acabamento foi manual, algo maravilhoso”, diz Otmmar.

INVERSÃO EMIGRATÓRIA

Mais de um século depois da vinda dos alemães para o Brasil, os descendentes dos Deutsche iniciaram há algumas décadas um feito denominado pelo antropólogo de “a procura do elo perdido” que seria uma inversão emigratória. “Os descendentes retornam para as terras dos seus tataravôs ou pentavôs na busca da própria origem. A fim de tentar descobrir por lá parentes que ainda vivem, tentar resgatar a dupla cidadania ou ver inclusive possibilidades de aposentadorias ou outras vantagens financeiras”, diz.
Isso de acordo com Eidt é algo que vem gradativamente aumentando à medida que se aperfeiçoa os meios de comunicação, na internet ele exemplifica que há muita informação disponível que as pessoas podem pesquisar. Para o antropólogo muitos retornam ao velho continente com o principal objetivo de conhecer melhor a terra dos ancestrais. “Os jovens retornam lá, não tanto por questões econômicas que já se sabe que é algo não tão atrativo como já foi. Mas acredito que por certo saudosismo pela terra perdida dos antepassados”.

MUDANÇAS DO SÉCULO 21

Não diferente das demais culturas existentes na região, inúmeras foram as ações e as contribuições da cultura alemã para o extremo oeste do estado. Muitos hábitos e costumes populares, agrícolas e econômicos de hoje são reflexo direto da colonização destes bravos europeus que atravessaram o Atlântico para se deparar com um país que apresentava modos quase primitivos de subsistência. Mesmo marcada pelo etnocentrismo, atualmente a cultura Deutsche no Brasil não teve como fugir e mesmo incorporar ou aceitar a diversidade de culturas predominantes no país. Eidt acredita que a cultura alemã deve perdurar por muito tempo, mas alguns descendentes germânicos temem a perda de alguns valores importantes dos Deutsche em função da falta de interesse na cultura principalmente por parte dos mais jovens. 

Anterior

Retrospectiva janeiro 2011

Destaque para a educação, festas e cultura alemã Próximo

Destaque para a educação, festas e cultura alemã

Deixe seu comentário

Nossas Redes

Impresso