Rosani Virmes

  • Folha do Oeste -

Rosani de Fátima Virmes Passarello (Zani)

Joeuf, França

Fora do Brasil há oito anos

Possui dois filhos

 

Folha do Oeste diz:

O que te levou a morar na França, Rosani?

 

Zani diz:

Hoje sou separada, mas conheci meu marido em Curitiba, ele tinha ido trabalhar na Renault. Casei em 2003 e vim para cá. Morei em São Miguel do Oeste até a adolescência, agora resido em uma cidade ao leste que se chama Joeuf.

 

Folha do Oeste diz:

Trabalha?

 

Zani diz:

Trabalho na Renault aqui, contrato temporário.

 

Folha do Oeste diz:

Há oito anos na Europa, quais as tuas percepções de cultura natalina do Brasil para a França?

 

Zani diz:

A diferença aqui, já é no espírito das pessoas. No Brasil tem amor, alegria, solidariedade. As pessoas são agradecidas. Aqui tenho a impressão de que os franceses são frios. Nós, brasileiros, ficamos felizes por estar com a família, com os amigos. Esperamos ansiosos para revê-los. Aqui eles reclamam o tempo todo. Nas lojas não tem música de Natal como aí no Brasil. Aí temos o verdadeiro sentido do Natal.

 

Folha do Oeste diz:

Como são as reuniões noite de véspera do Natal?

 

Zani diz:

Aqui é cada um na sua, muito pessoal. Tem ceia, com peru e frutos do mar. Esperam para dar os presentes e todos vão dormir. No dia seguinte ficam sentados em volta das mesas. Não é como nós, alegre, com música. Se tem algum amigo sozinho, o chamamos para não ficar só. Como no Brasil, não tem!

 

Folha do Oeste diz:

Nos disse que nas lojas não toca música de Natal. Como é o comércio francês, nessa época?

 

Zani diz:

Tem decoração, muita. Mas Papai Noel como existe aí, não se vê. Ano passado, trabalhava em uma academia, me vesti de Mamãe Noel, todo mundo amou. Estavam felizes, disseram que ninguém havia feito aquilo. Penso que as pessoas aqui têm medo de expressar as vontades.

Zani diz:

Mas nas casas e ruas, eles investem muito. Só que nas pessoas, não é a mesma coisa. Lembrei de uma coisa. No dia 6 de dezembro tem uma coisa aqui que é o desfile de Saint Nicolas. É um tipo de Papai Noel que desfila nas ruas e distribui balas. E também tem o Perfoutard.

 

Folha do Oeste diz:

O que seria isso?

 

Zani diz:

Ele se veste de preto, com capuz. É para punir as crianças que não foram gentis. Bem parecido com os caras da época da guilhotina, hehe. São lendas que existem há muito tempo.

 

Folha do Oeste diz:

Uma outra fonte nos contou que na Carolina do Norte, EUA, predomina a religião Batista. E aí onde você mora?

 

Zani diz:

Aqui é católico, mas não vão muito à igreja. São mais as pessoas idosas que estão presentes. Os franceses não são muito praticantes. Mas aqui também tem muito islamita devido a Argélia e outros países do Oriente Médio. E eles não comemoram o Natal.

 

Folha do Oeste diz:

O que os franceses pensam ou comentam quando você os conta a forma que o Natal é comemorado por aqui?

 

Zani diz:

Eles dizem que é porque temos o sol, que o clima não é o mesmo. Digo que não. Que o sol que temos vem do coração. E eles querem ir ao Brasil para conhecer o carnaval. Quando conto que na minha avó se reuniam 45 pessoas, e não estavam todos, eles ficam surpresos. Nós damos um jeito de colocar todos pra comer. Aqui é tudo à mesa, não tem banquinho espalhado pelos cantos da casa.

 

Folha do Oeste diz:

Comer em pé, nem pensar?

 

Zani diz:

Pois é, a gente come em pé, no sofá, em qualquer lugar. Aqui não. É limitado.

 

Folha do Oeste diz:

E tem caridade por aí?

 

Zani diz:

Sim. Muitas pessoas vão distribuir comida e dinheiro na noite de Natal. Também fazem campanhas por causa do inverno rigoroso. É bonito de ver o sorriso dessas pessoas quando você contribui com algo.

 

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