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Casados no Rio Grande do Sul, casal de pioneiros está há poucas semanas de comemorar, em São Miguel do Oeste, as Bodas de Vinho
DIA A DIA
A rotina mudou. As atividades físicas diminuíram, principalmente para Catharina. Próximo de completar 94 anos, José é ativo, se comparado à idade que possui. Acorda cedo, coloca lenha no fogão, faz o almoço, limpa a casa e lava a roupa quando precisa. De acordo com o filho, Vani, José também fabrica as próprias vassouras e cuida da horta. Conforme ele, a comida na panela é sempre natural. "Não falta feijão, nem aipim", comenta. "O pai não bebe, só toma suco natural". Quanto à carne, o filho comenta que foram poucas as vezes em que José e Catharina comeram carne comprada em supermercados. Geralmente, a carne provém de animais abatidos na propriedade.
A saúde do casal é boa. Exames provam a vigorosidade de José. Contudo, Catharina sente um pouco mais o "peso" da idade. Segundo Vani, os únicos medicamentos que o casal necessita são os indicados pelos médicos para controlar a pressão. "Meu pai fez a primeira consulta aos 80 anos", destaca. "Foi para examinar a próstata", conclui.
LONGEVIDADE
Conforme acredita Vani, os motivos que levaram o casal a viver tantos anos foram as atividades desenvolvidas na agricultura, a alimentação saudável, a religiosidade e a união da família. "Meus pais sempre gostaram de trabalhar e colaborar nas festas da comunidade, da igreja", destaca. "O pai foi garçom da comunidade de linha Caxias por muito tempo. Depois que entrou o Plano Real, aí ele se perdeu e parou de trabalhar", revela. "A mãe era doceira, fazia latas e latas de chimia e melado. Também sabia bordar e fazer crochê muito bem", argumenta.
A religião católica, segundo Vani, faz parte da vida de José e Catharina desde a infância. Católicos praticantes, os dois não frequentam mais a igreja. Contudo, segundo o filho, assistem às missas e aos cultos na televisão. "O pai cantava no coral da igreja, o primeiro de São Miguel do Oeste", revela.
Para o filho, Vani, a idade não os impede de viverem normalmente, pois José cuida muito bem de Catharina. "O pai ainda é bem ativo, joga até baralho", comenta. "Ele enxerga melhor que eu, tem uma visão muito boa", conclui. De acordo com ele, "os dois ainda vão longe", finaliza.
RIO GRANDE DO SUL
Devido ao Alzheimer, Catharina acredita que os pais ainda estão vivos, no Rio Grande do Sul. São frequentes as tentativas de pegar a estrada à pé rumo à cidade de Caí.
Já para José, voltar à cidade natal ainda é realidade. Para ele, o que não lhe falta é vontade de retornar para rever os amigos, já que os laços familiares naquele local foram desfeitos. José e Catharina são os únicos vivos. Não têm pai, nem mãe, nem irmãos. Contudo, vivem perseverantes dia após dia. Obedecem ao tempo e o compreendem a ponto de desejarem o retorno às origens.
CUMPLICIDADE E O CASAMENTO DURADOURO
De acordo com a psicóloga e terapeuta familiar Gianne Wiltgen, uma das funções do casamento é a cumplicidade. "A cumplicidade e a união de um casal formam a família", destaca. Conforme a profissional, quando há forças opostas dentro do relacionamento, superar as adversidades e os problemas torna-se mais difícil.
Na opinião de Gianne, muitas pessoas não conseguem superar as dificuldades, por menores que sejam. "Alguns não conseguem perceber que qualquer relacionamento, seja em casal, seja em família, vai enfrentar adversidades", explica. Para ela, uma das funções da família é dar sentido e força para superar as dificuldades.
Segundo a psicóloga, quem vive no interior tem uma melhor qualidade de vida. "Em grandes centros, quando uma pessoa trabalha muito tempo e depois se aposenta, diversas vezes não dá um ano para apresentar sintomas depressivos", revela. "Aí, se esta pessoa não encontrou outra atividade substituta, ela se acomoda". Conforme ela, na agricultura é diferente. "As pessoas não perdem o vínculo com a terra, mantém-se ativos, isso é importante", reforça.
Para um casamento se tornar duradouro, a terapeuta pontua que deve existir o equilíbrio de três instâncias da vida: espiritual, física e emocional. "Em todas estas instâncias haverá dificuldades", destaca. "Para vencê-las, é preciso encontrar motivos de superação, e cada um de nós possui os próprios motivos", completa. Conforme ela, quando se perdem tais motivações, a situação se agrava.
Na avaliação de Gianne, há dois pontos relevantes em qualquer relacionamento, conjugal ou familiar. "A fidelidade, a confiança e o respeito são aspectos que fortalecem. O outro ponto é a união para encarar e vencer as dificuldade juntos", finaliza.
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