Lixo para alguns... oportunidade para outros

  • Folha do Oeste -

 A conscientização em defesa do meio ambiente ganha cada vez mais espaço na sociedade e o velho discurso de que cada um deve fazer sua parte está em todos os lugares. Uma alternativa simples, e ao alcance de todos, é a coleta seletiva. Essa alternativa ecologicamente correta é um sistema de recolhimento de materiais recicláveis, como papéis, plásticos, vidros e metais, que são separados e vendidos para serem novamente reaproveitados. Além da vantagem que causa ao meio ambiente, a opção reverte em outros benefícios: o lixo vira dinheiro e o seu volume diminui, ou seja, a reciclagem não traz benefícios somente ao meio ambiente.
 Pensando assim é que, em 1999, um pequeno grupo de coletores de materiais se reuniu e, com o auxílio de Lírio Scariot, fundou a Acomar (Associação dos Coletores de Materiais Recicláveis) de São Miguel do Oeste. O que antes era um trabalho individual e pouco valorizado, passou a ser uma atividade em equipe, que com o passar dos anos se fortaleceu e se tornou uma profissão mais valorizada. Dos cerca de 20 integrantes fundadores, Justina Pereira da Luz, atual presidente da Associação, foi uma das únicas que apostou no trabalho em grupo. "Ninguém acreditava que a Acomar fosse dar certo. Como não tínhamos muito apoio e aos poucos os coletores foram desistindo do trabalho em grupo, acharam que era perda de tempo, mas eu não me desmotivei", revela.
 Atualmente, a Acomar conta com a participação de 35 famílias, divididas em dois grandes grupos, um que coleta material reciclável nas ruas de SMOeste, e outro que fica no galpão da Associação, cedido pela Administração Municipal, fazendo a separação do material. Ao final, todo o produto é encaminhado para uma empresa de São Lourenço do Oeste. É com o trabalho em equipe, de jovens e adultos, que aproximadamente 10,5 toneladas de material reciclável são recolhidos, por mês, das ruas do município.
 Conforme o integrante da Associação de SMOeste há seis anos, José Wagner, o quilo do papel é comercializado a R$ 0,33, o do plástico varia entre R$ 0,50 e R$ 0,85, o do vidro a R$ 0,03, o do ferro a R$ 0,15, só para citar alguns  materiais. O grupo que faz o trabalho de coleta nas ruas recebe R$ 0,25 por quilo do material entregue, e o grupo que separa o material percebe o restante do valor pago assim que o produto é comercializado. Wagner salienta que é possível ter uma renda de aproximadamente R$ 500 ao mês, participando das atividades desenvolvidas pela Acomar. Porém, o integrante enfatiza que ainda existe um certo preconceito com os profissionais dessa área. "O que para a comunidade em geral é considerado lixo, para nós é fonte de renda. A comunidade deveria ser grata pela nossa atividade, pois estamos também contribuindo para a saúde de toda a população, além de estarmos colaborando com a preservação do meio ambiente", afirma.
 Wagner, que já atuou como garçom em São Paulo e já desempenhou outras atividades em SMOeste, ressalta que com a renda do trabalho reciclável já foi possível construir uma casa, mobiliá-la e ainda adquirir um carro. "Eu e minha esposa trabalhamos aqui. Com esta atividade, pretendo construir uma casa ainda maior. Não pretendo deixar a Associação. Durante toda minha vida, vou trabalhar com a reciclagem", afirma.
 Conforme a presidente, que também já atuou na agricultura e em uma pedreira da cidade, seu futuro é também dar sequência às atividades na Associação. "Estou na reciclagem porque gosto. Estou feliz com o que faço. Eu e meu marido atuamos na Acomar e já conseguimos comprar nossa casa. Eu gosto dessa atividade, mas quero que meus filhos tenham outra profissão", garante a presidente, que deve estar à frente da Associação nos próximos dois anos.
 Justina revela que, juntos, os integrantes tiveram importantes conquistas, como o local para depósito de materiais, que é uma antiga fábrica de tubos cedida pelo Governo municipal; além disso, conseguiram uma prensa, que facilita o trabalho de reciclagem. Segundo a presidente, a meta agora é envidar todos os esforços para que a Acomar adquira um caminhão, para facilitar o processo de recolha e comercialização do produto. A  Acomar é considerada, hoje, uma iniciativa empreendedora, que traz resultados positivos para toda a comunidade migueloestina.

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