Objetos eróticos. Você usaria?

 

Depois de vários anos convivendo juntos, muitos casais que se comprometeram a se amar e a se respeitar por toda a vida precisam ter "jogo de cintura" para superar, juntos, possíveis dificuldades que possam surgir ao longo da convivência. Para que a relação não desmorone e o sonho de viverem felizes para sempre não se reduza a tristezas e decepções, é necessário muito mais do que amor, mas também muita compreensão e aceitação de si próprio e do parceiro, ou parceira.

Dentre as várias fases da relação, uma das mais complexas e que exige tremenda disposição, para se superar, é a falta do desejo sexual. Essa etapa é onde os filhos começam a ser mais importantes do que a sexualidade do casal. É a fase onde a mulher começa a alegar quase que diariamente que está com dor de cabeça, e o homem passa a viver cansado. Como consequência disso, não há mais tempo para o casal namorar e se satisfazer sexualmente, muito menos pôr em prática fantasias que apimentem a relação. A excitação diminui e as chances de se perder o desejo sexual pela pessoa amada aumentam.

Mas, quando esse momento chega, qual a melhor maneira de se reinventar e como resgatar a excitação tão presente no início da relação? Conforme o professor de psicologia da Unoesc, Sandro Rodrigo Steffens "a excitação sexual depende de representações mentais e não surge naturalmente, depende de um trabalho psíquico, um esforço mental".

Para estimular esse "esforço mental" a que se refere o professor, muitos casais optam em usar objetos eróticos para estimular a relação. Conforme Steffens, esse uso se designa "fetiche", que é a atração erótica para objetos inanimados, (sem vida) que podem ou não estar em contato com determinadas partes do corpo da pessoa que amamos ou admiramos. No entanto, apesar destes produtos estarem de certa forma ao alcance de inúmeros casais, muitos ainda enxergam esse tema com certa vulgaridade. Os acessórios ou objetos eróticos variam desde óleos, próteses, vibradores, massageadores, anéis penianos, loções, algemas e lingeries. A lista é extensa, e esses produtos podem ser encontrados em sex shops, lojas especializadas em vender produtos eróticos, ou até mesmo na internet.

A proprietária e gerente da única loja de sex shop de São Miguel do Oeste, Dani Pivetta, atua no segmento há cerca de cinco anos e, para ela, durante esse  período a procura por esses itens vem aumentando significativamente. "O importante é não olhar para isso com vulgarismo. Sempre oriento meus clientes a usarem os produtos da melhor maneira possível, desfrutando de um sexo com saúde e qualidade". Para ela, as pessoas devem mudar esse conceito de que sexo é algo proibido e errado. "Alguns acessórios acabam ajudando o casal a criar mais intimidade, o que já é uma grande coisa, mas o sexo deve ser seguro e saudável", opina.

Conforme o terapeuta de casal e família, Sérgio Luis Batista Ribeiro, também de São Miguel do Oeste, a crise no sexo não deve atormentar uma relação entre homens e mulheres. Para o terapeuta, o casal deve ter noção de como propiciar mais qualidade na questão da sexualidade. "Muitas vezes se confunde o conceito de sexualidade com o do sexo, mas é importante esclarecer que um não necessariamente precisa vir acompanhado do outro. Cada indivíduo deve saber que o sexo é apenas uma das formas de se chegar à satisfação desejada".

Sexualidade é uma característica geral experimentada por todo o ser humano e não necessita de relação direta com o sexo, já que o termo sexualidade se define pela busca de prazeres, sendo estes não apenas os explicitamente sexuais. "Por isso, para um casal é importante trabalhar e abranger todo esse contexto, o sexo é importante no relacionamento, mas a sexualidade do casal merece mais destaque nesse contexto, já que uma relação a dois vai além do sexo e se constrói fundamentada em vários fatores", destaca.

O uso ou não de objetos que estimulam a relação sexual, segundo o terapeuta, deve servir para trazer satisfação ao casal e não apenas para o homem ou para a mulher. "Usar ou não desses artifícios é uma questão muito relativa, vai depender da afinidade e do consentimento do casal, em alguns casos pode ajudar a descontrair a relação tornando mais descontraída e quebrando alguns tabus".

Recorrer a objetos sexuais na relação traz à tona diferentes abordagens sobre o tema, que em geral vão variar de acordo com entendimento e as crenças de cada um. Não é incomum encontrarmos visões preconceituosas sobre o uso ou não de materiais sexuais na relação. Porém, há aqueles que discutem o assunto de forma livre, descontraída e com grande aceitação.

O professor de psicologia Steffens destaca que para a psicanálise todas as pessoas têm algum grau de fetichismo. "Cada um se sente atraído por determinado estilo de vestimenta ou indivíduos com certos atributos ou características físicas". Ele ainda ressalta que a inserção de objetos sexuais em uma transa vai variar muito de casal para casal, mas que o diálogo entre os dois deve ser um fator determinante para que ambos possam provar com consentimento algo novo na relação sexual. "Esse assunto deve ser debatido entre o casal, não na hora do sexo, mas durante os assuntos do dia a dia, com muita descontração e deve ser bom para os dois".

Steffens alerta, no entanto, que apesar de a psicanálise considerar todas as fetichistas, em algum grau, não é algo normal um homem ou uma mulher não conseguir sentir prazer sexual sem um fetiche. "Nesse caso é preciso tratamento, pois a pessoa já começa a apresentar um transtorno como a parafilia sexual, que precisa de tratamento".
 

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