O cronograma da vida através das vivências do Tempo

  • Ilustração -

Ao nascer, o ser humano já encontra uma série de regras e fatores pré-estabelecidas pela sociedade. Acostuma-se a pensar o tempo como cronológico, ordenado pelos pontos do relógio ou do calendário. A conhecer as estações do ano, os dias, os anos e assim vai passando cada instante. A pressa para chegar no horário, a perda de tempo, o medo dele ao chegar à velhice, o tempo de sonhar, o tempo de sorrir, de receber. O tempo dos avós, dos pais. O tempo de criança, o tempo de adolescente e o tempo da maturidade.
Quantas histórias são vivenciadas. Para a psicanalista Návia Patussi, embora o ser humano aprenda a lidar com as regras do tempo, muitas vezes as vivências não se coadunam com o tempo inventado por ele mesmo, que é o cronológico, e acaba deixando de viver o tempo presente. “Por vezes vivemos como se não fôssemos morrer nunca e deixamos para amanhã ou para depois ou para o futuro, geralmente o que pode nos fazer bem: o cumprimento do compromisso, a viagem tão sonhada, o fim de semana no campo, o filme, o livro, o encontro. Como se tivéssemos a certeza de que o amanhã existirá! Mas, de fato, a temos?”, indaga.
Para a psicanalista, na infância o ser humano não tem desenvolvida a noção do tempo. “Quando crianças, não temos noção de nossa existência. Somos alvo de emoções e vivências que simplesmente passam por nós, apesar de nos marcarmos profundamente. Os dias passam e são recheados de novidades. Oferecem um mundo de imagens e vozes no qual nos embrenhamos, sem entender muito o significado disso tudo, mas querendo conhecê-lo. A consciência do passado e do futuro se restringem às satisfações que experimentamos ou que buscamos”. Já na adolescência, ela aponta como o momento das descobertas do mundo através de outro registro. “O mundo e o si próprio passam a ter um outro significado e com frequência são questionados. Há a urgência. Muitos jovens consideram que viver a vida é aproveitar cada instante para buscar novas sensações, novas emoções, simplesmente estimulações corporais de prazer”, considera. Na concepção de Návia, a vivência do tempo na maturidade é sui generis. “Chega um momento da vida – quando ele chega, pois para muitos esse tempo não chega – em que não é mais possível fazer ensaios. Em que os minutos são preciosos, e no qual temos a consciência de que as experiências que perdemos não voltam mais, assim como a saúde, a energia e o bem-estar”, analisa.
O medo de enfrentar os desafios da realidade faz com que as pessoas retardem os desafios. “Viver na realidade, com os pés no chão, não é só dor. Penso que pode ser muito mais, alegria, esperança e responsabilidade. As vivências profundas do amor, da dor, do companheirismo, da amizade, enfim de tudo o que nos dá prazer ou desprazer, mas que nos eleva, são ganhos inigualáveis. Felicidade não seria isso, mesmo que fugaz e com términos e retornos?”, argumenta.
Para finalizar, a psicanalista recorre à celebre frase de Cazuza. “O Tempo não para, nos consome e some, vem junto com o desgaste de nossos corpos, e nos impõe a instigante e surpreendente sensação de que tudo pode acontecer a cada instante. O que nos espera o próximo minuto? Tudo, ou nada! Essa não previsibilidade real do que pode acontecer, apesar de fazermos planos e precisarmos deles sim para dar algum sentido à vida, é uma caixa cheia de surpresas, tanto para o bem quanto para o mal, também”, conclui.
 

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