Alimentos orgânicos: cada vez mais presentes na mesa de consumidores

  • Folha do Oeste -

 Estes alimentos são produzidos de acordo com certos padrões. Em geral, para a agricultura, alimentos orgânicos são sinônimo de produtos cultivados sem uso de pesticidas, fertilizantes artificiais e aditivos químicos. Para animais, alimentos orgânicos são aqueles criados sem o uso rotineiro de antibióticos e sem utilização de hormônios de crescimento. Com a produção dos alimentos orgânicos, o solo se mantém produtivo ano após ano, não há a poluição dos lençóis de água, áreas naturais são preservadas, e, também, financeiramente pode ajudar famílias que têm a terra como única forma de sustento. Para garantir a certificação, os alimentos orgânicos passam por uma cuidadosa inspeção de produção. O cultivo desses alimentos ainda é pouco difundido na região do Extremo Oeste de Santa Catarina, muitas vezes por insegurança dos agricultores, que ainda ficam desconfiados quanto aos resultados da produção. No entanto, essa desconfiança não abalou o agricultor Ivo José Durigon da linha Bela Vista Durigon, interior de Descanso. Ivo decidiu, há quase sete anos, mudar seu sistema convencional de produção e investir no sistema agroecológico.

Na propriedade de 43 hectares, Ivo destinou cerca de 20 hectares para a produção de leite, frutas, hortaliças e principalmente grãos, tudo orgânico e para o sustento da família. O restante, cerca de 50% da propriedade, é ocupado por mata nativa. ?Nosso 'carro-chefe' é a produção de linhaça dourada, que garante um bom lucro?, diz o agricultor, que ainda produz açúcar mascavo, farinha de milho, farinha integral de trigo, feijão adzuki e preto, gergelim e trigo em grãos, todos orgânicos. ?Produzimos para nosso sustento e o restante vendemos na feira. Poucas pessoas têm o conhecimento do que é alimento orgânico. Mas a procura e interesse por esse tipo de alimento está aumentando?, revela.
Nair Salvador Durigon, esposa de Ivo, comenta que o consumo de alimentos orgânicos tem garantido maior qualidade de vida para os familiares. ?Lá por casa, é muito difícil alguém ficar doente ou ir ao médico. O melhor plano de saúde são os alimentos orgânicos?, diz a agricultora, que revela, ainda, que desde que iniciou na produção e cultivo de alimentos orgânicos, a dedicação e o empenho da família se tornaram fatores fundamentais para a realização dos trabalhos agroecológicos. ?Tenho três paixões na minha vida: meu marido, meus filhos e a agroecologia; depois que a gente entra nisso pega gosto?, revela.
Atualmente, a família Durigon colhe os frutos e benefícios que a agroecologia tem propiciado. No entanto, Ivo revela que quando decidiu mudar a plantação na propriedade, deixando de usar produtos químicos e aderindo aos orgânicos, sofreu ?preconceito? de outros produtores e fornecedores, bem como de outras cooperativas e agropecuárias. ?Nossa opção foi essa, hoje estamos bem, produzindo isso. Nós respeitamos a opção de plantio dos outros agricultores e também queremos o respeito deles?, diz o agricultor, revelando, inclusive, que alguns chegaram a rir da decisão tomada por ele. Conforme Nair, a produção orgânica demanda um maior cuidado e dedicação por parte do produtor e por essa razão muitos ficam com receio de não conseguirem produzir e isso incorrer em prejuízo.
 
?VOCÊ É O QUE VOCÊ COME?
A pergunta que muitos consumidores ainda se fazem é: os alimentos orgânicos são significativamente melhores para compensar seu preço mais elevado? Apesar de muitas evidências, essa ainda é uma área controversa. A produção, a venda e o consumo de alimentos orgânicos refletem tanto na preocupação com o meio ambiente quanto no que se refere com a saúde humana.
A nutricionista de São Miguel do Oeste, Gitana Chini, diz que existem estudos que mostram que os aditivos químicos e os agrotóxicos interrompem a produção das vitaminas e minerais dos alimentos, o que os torna com concentrações menores desses benefícios. ?Um exemplo é um artigo científico publicado em uma revista de Química Agrícola e Alimentícia de fevereiro de 2003, que confirmou que milho e morangos orgânicos têm níveis significativamente mais altos de antioxidantes combatentes do câncer do que alimentos convencionais?, informa.
Gitana diz que o consumo de alimentos orgânicos é indicado para qualquer tipo de alimentação. ?Não há a interferência, por exemplo, em um indivíduo com diabetes, colesterol, entre outros. Somente cuidados com pessoas que tem alergias alimentares. Mesmo com o alimento convencional ou orgânico, a reação será a mesma?, comenta. A nutricionista aponta, ainda, que o consumo de alimentos orgânicos pode evitar o aparecimento de certos tipos de câncer ligados a produtos químicos sintéticos utilizados na agricultura convencional, como câncer no útero, de mama e de próstata. ?Pessoas que respondem fortemente a baixíssimas doses de substâncias químicas, através de enxaquecas alérgicas e outras reações, estão entre os principais consumidores de produtos orgânicos?, recomenda Gitana.
 
AGROTÓXICOS ? MAL NECESSÁRIO?
Agrotóxicos são substâncias químicas que têm como objetivo preservar por mais tempo os alimentos, modificar as cores, o sabor e a textura. ?O consumo de alimentos com agrotóxicos pode causar desde uma simples alergia momentânea até doenças crônicas, disfunções neurológicas, câncer e sobrecarga hepática. Afetam o sistema imunológico e o sistema nervoso?, avalia a nutricionista. Conforme ela, um dos principais exemplos de agrotóxicos usados e prejudicial à saúde é o nitrato, que é utilizado na agricultura convencional para aumentar rapidamente a produtividade de hortaliças.
A Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), que representa as indústrias que atuam no Brasil em pesquisa, desenvolvimento e produção de defensivos agrícolas, diz que os agrotóxicos são insumos indispensáveis à agricultura em todo o mundo, conforme atesta a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). De acordo com a Andef, sem a tecnologia eficiente no controle de pragas, a produção de alimentos seria reduzida em cerca de 40%. Ou seja, não proteger as plantações acarretaria uma situação de calamidade mundial ao quadro, hoje já dramático, conforme o relatório recente da Organização das Nações Unidas (ONU).
 
OBSTÁCULOS
Um dos obstáculos é o seu alto custo. Dependendo do tipo de cultivo, do produto agrícola, do tamanho de área cultivada e da mão de obra necessária, o custo do orgânico pode ser de 10% a 40% mais caro que na agricultura tradicional. As pequenas quantidades oferecidas no varejo também tornam os orgânicos mais caros.
Também, existe a possibilidade de haver fraude, ou seja, o produtor indicar como orgânico o alimento que não foi produzido dentro de normas. ?Por causa do preço mais elevado dos orgânicos, não faltam produtores 'espertinhos' que tentam vender por preço mais alto o que produziram com herbicidas, pesticidas e outros produtos químicos?, diz Gitana. O importante nesses casos é conhecer bem e ter contato com os produtores para não correr esse risco. 
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