O Ministério da Saúde lançou na última semana uma campanha para estimular o parto normal . O Governo promete reformar maternidades para que as futuras mamães tenham mais privacidade e conforto na hora de dar à luz. Já na região alguns hospitais enfrentam problemas financeiros e na maioria das vezes as mães optam pelo parto cesariano, onde o custo chega ao dobro do parto normal.

Para o Governo federal, a ordem é preparar o ambiente para o parto normal e convencer as grávidas de que a cesariana aumenta o risco de infecção. Hoje, em todo o País, 43% das gestantes preferem a cirurgia. As mães costumam ouvir os médicos, mas eles chegam a estimular a cesárea, por comodidade ou pela correria do dia-a-dia: é o método mais rápido, que dá menos trabalho. No parto normal, não há hora marcada. O obstetra tem que ficar de plantão, de olho nas contrações, à espera do bebê.

Já o gerenciador do Hospital da Fundação Médica Hospitalar de Descanso, Nestor Barrosi, afirmou que ainda não houve nenhum contato do hospital com o Governo para ampliações dos serviços, mas que na entidade o parto normal já é uma prioridade. \"Hoje a mulher procura mais o parto cesariano e assim o custo praticamente dobra para o hospital. Já o parto normal, além de ser mais natural, traz mais beneficios à mãe, com menos complicações e uma recuperação mais rápida\", salienta.

Em muitos dos hospitais, que na maioria são entidades beneficentes, a falta de recursos financeiros é o maior problema para a manutenção e adequação da estrutura e dos equipamentos. Em grande parte dos casos, os hospitais só sobrevivem com a ajuda da comunidade, empresas e prefeituras dos municípios. Convênios com o Governo estadual também tendem a melhorar a situação.

Na última semana, a senadora Ideli Salvatti (PT) e deputados estaduais, estiveram visitando o Hospital da Fundação Médica Hospitalar, quando foram informados da necessidade de liberação de recursos para realizar melhorias e manutenção na instituição.

Por meio de emenda parlamentar, o deputado federal Cláudio Vignatti conseguiu a aprovação de R$ 150 mil para o Hospital de Descanso.

Já o gerenciador do hospital, Nestor Barrosi, a direção ainda não recebeu nenhum comunicado sobre a liberação de uma emenda parlamentar da senadora Ideli Salvatti, mas que espera que realmente o hospital receba ajuda do Governo federal, já que hoje o maior problema está no centro cirúrgico e no sistema de esgoto.

Atualmente o hospital funciona basicamente de doações recebidas de empresas, da comunidade e uma parcela do SUS (Sistema Único de Saúde). \"Realizamos um trabalho de base junto às comunidades para mostrar as dificuldades pelas quais o hospital passava e posteriormente firmamos um convênio com a Celesc, onde as pessoas que queiram contribuir tem R$ 5 abatidos na conta de luz, os quais são destinados ao hospital. Dessa forma conseguimos tirar a entidade um pouco do vermelho, mas mesmo assim, em alguns meses, o caixa fecha negativo\", explica o gerenciador.

Em relação ao convênio com o SUS, Barrosi destaca que são custeados pelo convênio somente as internações mais emergenciais ou as de mais de 48 horas de permanência no hospital. Já os casos de observação, com menos de 48 horas de internação são totalmente custeados pelo hospital. \"São em média 25 internações mensais custeadas pelo SUS. Os outros cerca de 300 atendimentos mensais são bancados pelo hospital, que utiliza o dinheiro das doações pela conta da luz para esse fim. Dessas doações, 30% do total é destinado ao pagamento dos médicos\", salienta.

O diretor enfatiza que não é fácil administrar um hospital nessas condições, mas que, mesmo com a falta de recursos, a população é bem atendida e não tem queixas do trabalho realizado na entidade. \"Somos uma fundação beneficente que presta grande parte dos serviços gratuitos, mas ainda é necessário um apoio maior, principalmente dos governos. Temos um bom atendimento em relação ao volume de dinheiro que entra. Hoje temos que agradecer à comunidade e às empresas, principalmente de Descanso, Belmonte e Santa Helena, que além da contribuição em dinheiro sempre ajudam na aquisição de outros produtos, principalmente alimentos. O Estado também tem contribuido com o hospital, por meio da SDR de São Miguel do Oeste, que tem realizado um excelente trabalho e conseguiu a liberação de um recurso de R$ 50 mil para auxiliar o trabalho do hospital. Já a prefeitura paga somente o plantão médico\", destaca Barrosi.

Na última sexta-feira, dia 25, o secretário de Estado do Desenvolvimento Regional de São Miguel do Oeste, João Carlos Grando, conseguiu o repasse de R$ 65 mil para o setor de saúde do município de Guaraciaba. Segundo Grando, o município recebeu R$ 40 mil referentes à parcela do convênio para aquisição de uma ambulância, e outros R$ 25 mil do convênio de R$ 50 mil com a Sociedade Beneficiente Hospital São Lucas.

Já o presidente da Sociedade Beneficente Hospital São Lucas, Antonio Cláudio Truzian, afirmou que hoje a situação do hospital é bem melhor se comparada a outros tempos, onde a estrutura, bem como os equipamentos eram precários. Em relação ao convênio repassado pelo Estado, o presidente afirma que neste mês de julho a entidade recebeu metade do valor e o restande deve ser recebido em agosto, para que possa ser efetivado o projeto de compra de camas para pacientes, acompanhantes e berços. \"Quando a atual diretoria assumiu, em abril deste ano, a situação do hospital era insuficiente, com problemas de infra-estrutura e limpeza. Faltava simplesmente o básico. Nestes poucos meses já conseguimos melhorar esses problemas e iniciamos a reforma em algumas salas, com o auxílio de empresas locais\", destaca.

Outro apoio é da comunidade, com débito de R$ 1 ou R$ 2 na conta de luz, gerando uma renda de cerca de R$ 2 mil mensais. Além disso, a entidade oferece um plano hospitalar, que é pago todos os meses e que, quando necessário, o beneficado do plano tem direito a um quarto privado no hospital. Com esses planos é possivel obter uma renda extra de cerca de R$ 5 mil. \"Também temos a ressaltar o valioso empenho da prefeitura de Guaraciaba, que, sem ela, hoje estaríamos de portas fechadas, já que a nossa folha de pagamento é basicamente custeada pelo município. Todo mês a prefeitura nos encaminha R$ 30,5 mil para custer as despesas de pessoal\"

Recentemente, a entidade recebeu outro recurso do Estado, no valor de R$ 50 mil, que está sendo investido em equipamentos de laboratório, já que o hospital conta com laboratório próprio. \"Somos um sociedade beneficente, que não visa lucros e trabalha em prol da comunidade de Guaraciaba e de municípios vizinhos, ressalta.

Pelo SUS, o hospital tem direito a cerca de 30 internações de emergência ou com mais de 48 horas de permanência no hospital. \"Dentro desse limete o SUS custeia, fora isso a contribuição do SUS é bem menor e na maioria das vezes não cobre todos os gastos\", enfatiza Truzian.

O procurador da presidência da Sociedade Hospitalar de São José do Cedro, Romeo Helio Holderbaum, enfatizou que o hospital já passou por diversas dificuldades, mas hoje está muito bem, principalmente com relação à estrutura e  aos equipamentos. \"Quando a atual diretoria assumiu a entidade, há cerca de dois anos, o hospital tinha dívidas enormes. Aos poucos conseguimos pagar as contas e hoje a entidade tem tudo sob controle. Temos uma boa estrutura, pagamos a folha, impostos e demais vencimentos dentro dos prazos. Não estamos fazendo investimentos de grande valor em nome da entidade, mas conseguimos manter tudo em dia\", salienta.

A comunidade de São José do Cedro também auxilia o hospital, realizando doações, assim como a prefeitura que ajuda no custeio do plantão médico e no pagamento das especialidades. \"O restante é custeado por recursos próprios, fazendo com que a entidade se mantenha praticamente sozinha\", explica.

Atualmente a estrutura é boa e funciona bem. Com o auxílio do Governo federal, por meio de emendas paralamentares, recebemos recursos de R$ 35 mil para compra de um gerador, e outra emenda de R$ 50 mil  para compra de outros equipamentos. \"A licitação de aquisição já foi feita e a ordem de compra expedida. Todos os equipamentos devem ser instalados, juntos, por volta do mês de agosto. Na mesma época também será realizada a reforma da lavanderia e a compra de mais uma máquina de lavar, esta por conta da entidade\", destaca Holderbau.

No município, a comunidade elogia os trabalhos que são realizados em uma média anual de 88% pelo SUS.