Economia

Exportação de café especial para os EUA despenca 79,5% após tarifaço de Trump

Exportação de café especial para os EUA despenca 79,5% após tarifaço de Trump
Foto: Dragana_Gordic

A exportação de café especial brasileiro para os Estados Unidos sofreu um tombo histórico em agosto de 2025. Segundo a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), foram enviadas apenas 21.679 sacas de 60 kg, queda de 79,5% em relação ao mesmo mês de 2024 e de 69,6% frente a julho deste ano.

A retração é resultado direto do tarifaço de 50% imposto pelo governo de Donald Trump, que elevou os preços do produto no mercado norte-americano e inviabilizou contratos já assinados.

EUA perdem liderança e caem para sexto lugar no ranking de importadores

Até julho, os Estados Unidos lideravam como o principal destino dos cafés especiais do Brasil em 2025. No entanto, com o impacto da sobretaxa, o país caiu para a sexta posição, ficando atrás de:


Holanda: 62.004 sacas

Alemanha: 50.463 sacas

Bélgica: 46.931 sacas

Itália: 39.905 sacas

Suécia: 29.313 sacas

Esse reposicionamento preocupa o setor, que há décadas consolidou o mercado americano como o principal consumidor global desses cafés diferenciados.

Contratos suspensos e prejuízos para toda a cadeia produtiva

De acordo com a presidente da BSCA, Carmem Lucia Chaves de Brito (Ucha), muitos contratos foram suspensos, cancelados ou adiados a pedido dos importadores americanos.



“A taxação de 50% torna praticamente inviável a realização desses negócios, por causa dos preços extremamente elevados. Isso explica a queda expressiva nas exportações”, destacou Ucha em nota.


Ela alerta que o impacto não será sentido apenas pelos produtores e exportadores brasileiros, mas também pelo consumidor final nos Estados Unidos, que já observa aumento no preço do café.

Setor pede diálogo entre Lula e Trump

Ucha reforça que é crucial que o governo brasileiro abra negociações diretas com o governo Trump para tentar reverter a situação.

Ela citou a ordem executiva assinada em 5 de setembro, que permite reduzir tarifas para países que tenham compromissos comerciais firmados com os EUA e atendam aos interesses estratégicos americanos.



“Precisamos manter conversas com os parceiros industriais e importadores americanos, além do Departamento de Estado dos EUA. O governo brasileiro deve agir para restabelecer o fluxo comercial de nossos cafés em condições justas”, afirmou.


Risco para o maior mercado consumidor do mundo

O setor teme que, caso a crise persista, parte da estrutura de fornecimento construída ao longo de décadas possa ser perdida. “Essa situação ameaça um mercado que é estratégico para o Brasil e para os próprios americanos, pois garante o abastecimento do maior mercado consumidor de café do mundo”, alerta a BSCA.

Enquanto isso, produtores e exportadores seguem pressionando Brasília para que a diplomacia seja usada como ferramenta de negociação e evite perdas bilionárias para a cadeia cafeeira.


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