Casos de Aids aumentam na região e preocupam

De 1996 a 2004, ocorreram 18 óbitos de pacientes com Aids na região e 10 pacientes foram transferidos

Em virtude das festas de Carnaval, a Secretaria Municipal de Saúde fez um alerta especial neste ano, divulgando as profissões e a faixa etária dos pacientes de São Miguel do Oeste e de municípios da região que se tratam no ambulatório de DSTs/AIDS. A secretária Ana Moser explica que em nenhum momento foram divulgados nomes, endereço ou algo que identifique os portadores da doença, mas que é necessário alertar sobre a dimensão do problema que segundo o Ministério de Saúde, a cada portador do vírus da Aids é preconizado como parâmetro, que há mais cinco pessoas contaminadas e que os serviços de saúde ainda não notificaram. Isso ocorre porque os pacientes se tratam fora do domicílio ou porque a própria pessoa ainda não sabe que é portadora do vírus.

Ao todo, são 62 pacientes que recebem atendimento no ambulatório em SMOeste, com medicação, acompanhamento médico, psicológico e dentário. Destes, 34 são de São Miguel do Oeste e 28 são de outros municípios.

Problemas

Ana explica que existem algumas dificuldades com a questão financeira porque cada paciente representa um custo médio de R$ 1.500 ao Ministério da Saúde. Além disso, no período de dois a quatro meses, conforme o estado de saúde do paciente, é direito do mesmo, garantido por lei, fazer 35 tipos de exames e esses devem ser pagos pelo município de origem.

Ana adianta que os secretários de Saúde de cada município de abrangência do ambulatório estão recebendo um ofício salientando a importância e a necessidade de cumprir a legislação no que se refere aos exames destes pacientes. "Existe certa preocupação por parte da equipe ambulatorial, principalmente do médico, que o paciente faça os exames conforme determina a lei porque alguns faltam até mesmo a consulta agendada. Assim, além de perder a sua consulta o paciente está tirando a vaga de outro que poderia ter vindo em seu lugar," enfatiza.

Geração da

camisinha

"A realidade é extremamente assustadora e há uma extrema necessidade de esclarecimento. Somos a geração da camisinha, porque não está escrito na testa de ninguém: Eu tenho Aids. Não existe grupo de risco ou situação, qualquer um está sujeito a contrair o vírus."

Com essa declaração o médico Gerson Weissheimer, que atende no ambulatório em SMOeste, alerta às pessoas sobre o problema mundial que é a contaminação pelo vírus da Aids. Ele acredita que mesmo com as propagandas na mídia escrita, falada e televisionada sobre o assunto, a conscientização ainda é restrita. Por isso, as campanhas de esclarecimentos devem ser levadas a sério pela gravidade e necessidade de alertar a todos indistintamente sobre os riscos.

"A realidade é essa e assusta, porque o vírus não escolhe profissão, escolaridade ou classe social," cita.

O médico revela que além dos pacientes tratados em São Miguel do Oeste, existe a possibilidade de que existam muitos outros, porque quem tem um pouquinho que seja de condição financeira procura outras cidades ou Estados em busca do tratamento. "Alguns pacientes buscam ajuda fora do domicílio, porém, ao ser confirmado que são portadores do vírus, eles recebem orientação para se tratar no ambulatório de SMOeste que abrange mais de 20 municípios da região. A não ser que o paciente possa manter um tratamento particular, ele precisa retornar ao local de origem e buscar ajuda no ambulatório," menciona.

Weissheimer esclarece que o paciente que procura o ambulatório recebe um aconselhamento pré-teste com o próprio médico ou alguém do ambulatório capacitado para o atendimento e, após o teste, há um novo aconselhamento, chamado pós-teste, antes de passar o resultado, seja ele positivo ou não. "A atitude do paciente que recebe o resultado positivo é muito diversa, varia desde a incredulidade no resultado até o estado de maluquice. Alguns pacientes só conseguem assimilar o fato de que são portadores do HIV após a 4ª, 5ª ou 6ª consulta," revela.

Conhecimento

O especialista argumenta que é preciso saber o que é o vírus e como ele se propaga e para quem é soro positivo, cuidar-se principalmente das doenças oportunistas que se aproveitam da baixa imunidade do organismo para atacar. Outro detalhe ressalatado pelo médico é a questão de fidelidade. "Na propagação desenfreada do vírus, usar camisinha nas relações mesmo com parceiro único, não é falta de confiança, é sim, amar a si mesmo e proteger a ambos."

 

Aids é a 2ª causa de mortes de mulheres no Brasil

Mortes de mulheres por Aids no Brasil

Regiões:

Centro Oeste - 3,2%

Nordeste - 5,2%

Norte - 5,7%

Sudeste - 8,2%

Sul - 16,7%

Uma pesquisa revela que enquanto nas outras regiões do país a aids apresenta no máximo 8% de mulheres, na região Sul a doença mata o dobro: 16% das mulheres. Segundo infectologistas que avaliaram a pesquisa, a aids ainda mata, mesmo que com a disponibilização de medicamento as pessoas vivam mais e melhor no brasil. Nos anos 80, a proporção no Brasil era de uma mulher a cada 40 homens infectados. Hoje dados revelam um quadro que é de um para um, isto é, para cada caso novo de aids em homem, há um caso novo de mulher e chegará a dois para um.

A advogada Maria Beatriz Pacheco, gaúcha, 54 anos, relata sua história em palestras e grupos de atendimento para que a conscientização seja cada vez maior e o preconceito sobre a doença diminua. Ela conta que se infectou com seu parceiro fixo e se trata há oito anos. Quando o seu primeiro marido morreu de cirrose, ninguém desconfiou, mas ele adquiriu o HIV numa transfusão de sangue quando ainda não havia controle.

Anos depois, casou-se novamente e surgiram problemas de pele, mas ela levou quase um ano para ter o diagnóstico. Após consulta com o 8º médico, depois de ter feito todas as biópsias possíveis na pele, o médico lhe pediu um teste anti HIV. Ela lembra que na maioria das vezes a mulher casada só descobre que tem Aids depois de muito tempo. Por isso quanto antes for feito o teste, mais eficaz o tratamento. "Eu fui uma mulher que precisou aprender a usar preservativo com quase 50 anos. Meu marido também nunca tinha usado e nós aprendemos juntos," relata.

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