Seca e falta de água assolam municípios da região e prefeitos decretam situação de emergên
O ?pancadão? de chuva que caiu torrencialmente por alguns minutos na noite de quinta-feira, dia 26, em São Miguel do Oeste, amenizou um pouco o problema enfrentado pelos munícipes com a poeira,
O "pancadão" de chuva que caiu torrencialmente por alguns minutos na noite de quinta-feira, dia 26, em São Miguel do Oeste, amenizou um pouco o problema enfrentado pelos munícipes com a poeira, porém não resolveu a falta de água e nem recuperou as plantações. Muitos agricultores em vários municípios da região terão altos prejuízos com as perdas
Em São Miguel do Oeste a situação atual causada pela falta de chuvas reuniu o conselho de defesa civil na manhã de quinta-feira, dia 26, e a tarde foi decretada a situação de emergência. Também estão neste patamar os municípios de Paraíso, Bandeirante e Belmonte. Já em Guaraciaba, São José do Cedro, Descanso e Campo Erê a estiagem causa problemas mas há controle da situação.
A estiagem atinge fortemente todos os municípios da região, mas em alguns a situação é ainda mais calamitosa, pois há falta de água até para o consumo humano. A reportagem do Folha visitou alguns municípios, aonde há pontos mais críticos, na tentativa de repassar ao leitor uma visão mais ampla da situação.
Em São Miguel do Oeste, a Casan ( Central de Abastecimento de Água ) está racionando a distribuição de água na tentaiva de evitar a falta. Há dificuldades para abastecer com água a população migueloestina porque o rio Camboin está seco. Segundo a agente de informações da Casan, Simone Oro, a empresa atua apenas com duas bombas de recalque e os reservatórios estão com um nível muito baixo de água desde que a situação se agravou. Por enquanto ela explica que somente durante a madrugada é possível recuperar um pouco o nível da água. Pode-se observar no último final de semana que vários locais ficaram sem água.
De acordo com o gerente da Casan local, Paulo Christ, não há como resolver o problema de imediato, por isso a empresa conta com a colaboração e conscientização dos consumidores para que economizem o líquido. O problema está no baixíssimo nível de água do rio Camboim que de 90 litros por segundo, agora envia apenas 20, que somados ao reforço vem do rio das Flores, que continua a enviar 50 litros por segundo, totaliza 70 litros por segundo. Porém, isso não é suficiente para abastecer a cidade. Christ adianta que a chuva da noite de quinta-feira, dia 26, não resolve o problema e o rodízio de abastecimento continuará até que chuvas mais intensas abasteçam o Camboin.
"Não há com o que se preocupar quanto a questão da pureza da água. Mesmo em pouca quantidade o líquido continua a receber tratamento específico e são realizados testes no laboratório tanto físico como químico e bacteriológico," argumenta.
O prefeito de São Miguel do Oeste, João Carlos Valar explica que muitos agricultores o têm procurado para o repasse de diversos pedidos de serviços como o de máquinas para abertura de bebedouros, fontes, limpeza de açudes e reservatórios. Ele destaca que a escassez de chuva tem antecipado o trabalho de auxilio à silagem.
O engenheiro agrônomo, Joney Cristian Braun explica que a situação se agrava pelo fato de faltar água tanto para o consumo humano quanto aos animais. "Os bebedouroas estão praticamente secos, também pela falta de manutenção que deve ocorrer periodicamente em épocas em que a falta de chuvas não é tão evidente.
Ele ressalta que a safrinha de milho está comprometida e depende muito da quantidade de chuva que vier a cair e do tipo de solo e forma como foram plantados os grãos.
Açúdes quase secos
Quanto aos açúdes, a queda no nível de água também é causa de preocupação, pois há redução de oxigênio.
Belício Herbes, técnico em psicultura da Epagri, menciona que a precipitação caiu violentamente nestes 55 dias de 2004. Segundo ele a situação está mais crítica do que quando houve estiagem há três anos atrás. "Aqui nas redondezas não se percebe muito mas há lugares em que a chuva não alcançou os 10 milímetros.
A preocupação maior segundo Herbes é com os dias nublados, característicos do verão, onde a possibilidade de haver mortandade de peixes é maior devido ao calor e a falta de oxigênio na água. Ele alerta ao produtores que neste caso devem utilizar moto-bomba ou aeredores para mexer com a água para incorporar o oxigênio. "A temperatura excessiva, a falta de chuvas, obriga o produtor a reduzir a alimentação dos peixes e isso com certeza trará reflexos negativos a produção," adianta.
Para quem quiser consumir peixe nesta Quaresma, ele revela que o produto pode ser encontrado na feira livre municipal, mais especificamente nas quintas-feiras e aos sábados.
Safrinha
comprometida
Com a escassez de chuvas, a safrinha (plantio do tarde de milho) está comprometida, assim como as culturas de entressafra, plantadas em novembro/dezembro, que agora estão na floração. Segundo Elias Rost, presi- dente do Sindicato dos Produtores Rurais a recomendação aos produtores é de que diversifiquem o plantio nas suas propriedades com o objetivo de ter outras culturas além de grãos. Rost esclarece que no caso de perdas o produtor fica sem recurso algum e fica difícil a sua permanência no campo. O produtor que possui o seguro Pro-Agro (que garante somente a cobertura do valor do empréstimo) deverá fazer um laudo técnico da perda da safra e encaminhar ao banco.
Ele também menciona a importância de haver sido decretado estado ou situação de emergência nos municípios onde os agricultores tiveram perdas, porque isso ajuda os agricultores na busca de recursos.
Devido a estiagem observada nos últimos dias e tendo em vista não haver previsão de chuvas em curto prazo, a Casan implanta à população de São Miguel do Oeste o racionamento de água, que ocorre em função da redução do volume dos rios que abastecem a cidade, especialmente o Cambuim e o Gramadinho. O racionamento está acontecendo em sistema de rodízio, com 12 horas de duração para cada setor da cidade. Assim, quando houver abastecimento da parte alta, durante 12 horas, não haverá água na parte baixa, e vice-versa.
A Casan, através da gerência solicita a compreenção e colaboração, reduzindo o consumo e evitando grandes usos de água. Evitar desperdícios, não lavar calçadas e nem carros é uma maneira de colaborar para que a pouca água ainda disponível possa chegar a todos os lares.
Rodizio de abastecimento foi criado pela Casan
Parte Baixa - Do meio-dia até as 24h, ficam sem água os locais pertencentes a zona baixa do município que atinge os bairros Agostini, Senai, Salete, São Luiz, Morada do Sol, Vila Basso, Emboaba, Parte do Jardim Peperi, parte do São Jorge, e parte do Centro situado ao Oeste, a partir da rua padre Aurélio Canzi.
Parte alta - Da zero hora até ao meio-dia, não há água na zona que atinge os bairros Estrela, São Sebastião, Andreata, São Gotardo, parte do São Jorge, parte do Jardim Peperi, parte alta do Centro situado ao Leste, a partir da rua padre Aurélio Canzi, Progresso, Trevo, Santa Rita, Linha Cruzinhas e no Bairro Industrial de Descanso.
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