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Na noite desta sexta-feira, dia 4, a Administração Municipal de São Miguel do Oeste divulgou em suas redes sociais uma Nota de Falecimento, em que informa e lamenta o falecimento do pioneiro e ex-servidor público municipal, Romeo Neis, ocorrido na tarde desta sexta-feira, aos 101 anos de idade.
Seu Romeo foi funcionário público por mais de 23 anos, acompanhou a sucessão de 13 prefeitos, se aposentando como funcionário público na prefeitura.
Aos familiares e amigos, a Administração deixa sua solidariedade e reconhecimento ao importante legado deixado pelo senhor Romeo para a cidade.
O velório ocorrerá a partir das 9h deste sábado, dia 5, na cripta da Igreja Matriz, e o sepultamento será às 16h, no Cemitério Municipal São Miguel e Almas.
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HOMENAGEM E HISTÓRICO
Em 2020, ao completar 100 anos, Romeo Neis foi homenageado na Câmara de Vereadores. Relembre o seu histórico, apresentado naquela ocasião.
Romeo Neis é filho de João Batista Neis e Maria Filomena Martinazzo. Nasceu no interior de Montenegro, RS, no dia 22 de abril de 1920, em uma família com mais nove irmãos.
Descendente de alemães, italianos e franceses, seu Romeo herdou de seus antepassados a arte de tocar gaita muito cedo. Trabalhava na lavoura com os pais desde pequeno. Vendiam leite, banha, porco, milho, trigo, batatinha, uva. Tinha fartura, mas o produto não tinha preço.
O irmão Orlando comprou uma gaita de oito baixos, mas Romeo não podia pegar. Como Romeo ficava em casa cuidando do fogo e do feijão enquanto todos iam na lavoura, ele aproveitava para tocar, treinar até as 11 horas no acordeão. Aos 12 anos já sabia umas marcas. Tocou sua primeira matinê em um domingo à tarde, a dois quilômetros de casa. Sentou-se em um balcão e cobrou por música um tostão, até à tardinha ganhou 1800 réis. Guardou dinheiro até comprar a sua própria gaita de 48 baixos. Continuou animando, indo a cavalo e tocando por marca. Num certo baile no salão do Santo Antônio de Forromeco, a chuva segurou todo mundo, o rio subiu e seu Romeo retornou para casa no outro dia; ele ganhou nesta noite 71.000 réis.
Em 1941 foi convocado para servir e participar da Segunda Guerra Mundial, ficou muito feliz por poder conhecer a Itália e emocionado ao se despedir da família. Mas o pai, com hidropisia, precisava do filho, então Romeo, que era arrimo de família retornou para casa. O pai faleceu e Romeo permaneceu junto com a mãe, a irmã viúva e os sobrinhos até que a roça começou a dar pouco.
Em 1947, Waldemar Ramgrab, morador da Vila Oeste, foi a Farroupilha visitar parentes e convidou o amigo Romeo para ver seu irmão Orlando que aqui veio para desmatar e iniciar a vila. Na época era motorista de um caminhão reboque da firma Annoni Ltda. Chegaram aqui em um Ford 29. Mas para voltar não tinha condução, então conseguiu uma carona para o Rio Grande do Sul, na carroceria de um caminhão: muito buraco, muito pó e a companhia de 50 leitõezinhos soltos. Em Nova Bassano, para alívio de seu Romeo, embarcou em um ônibus até Farroupilha.
Em 1948 retornou a São Miguel do Oeste de carona com um caminhão de mudança. Esta viagem demorou sete dias, foi uma aventura, teve caminhão atolado, caminhão tombado, fogão a lenha que virou em cima do seu Romeo, pescaria para matar a fome, pouso numa escola e na falta de água tomaram o vinho que transportavam, música de acordeão no barranco com seu Romeo e até um bailinho rolou nesta viagem. Neste passeio, surgiu a possibilidade de ficar trabalhando na Vila Oeste e com o irmão Orlando fez sociedade. Compraram com 25 contos de réis dois lotes com 1000 m² cada, situados na esquina da Duque de Caxias com a Rua Almirante Tamandaré. Reformaram a cancha de bolão e boliche e, no domingo, dia 18 de julho de 1948, fizeram a inauguração com um torneio de bolão e o baile do caroço. As bebidas para gelar eram colocadas a 1,60 metro abaixo do assoalho, numa vala de terra.
Em setembro de 1949, Rineu Gransotto ofereceu uma geladeira americana movida a querosene. Puderam fabricar gelo e picolé também. Em Farroupilha, Romeo trabalhava como fotógrafo, ofício que aqui continuou. Trouxe duas câmeras fotográficas e material químico, se tornando oficialmente o primeiro fotógrafo profissional de São Miguel do Oeste, pois revelava aqui mesmo os filmes, não precisando mandar mais a Carazinho. Parou com o ofício em 1951, porque com o irmão ampliou o bar dos Irmãos Neis para bar, sorveteria e churrascaria dos Irmãos Neis. Construíram um casarão de 35 metros de frente e abriram a primeira sorveteria e a primeira churrascaria de São Miguel do Oeste, trazendo o irmão Ovídio para assumir a churrascaria. O gerador da sorveteria também auxiliava o aparelho de radiografia portátil do hospital Sagrado Coração de Jesus. Também os irmãos cederam ao time do Guarani uma sala para reuniões, surgindo assim o nome fantasia do Bar Guarani. Compraram mais tarde uma mesa de sinuca, um aparelho de café movido a querosene e um espaço para o carteado. Compraram um rádio para os clientes ouvirem o Grenal transmitido aos domingos pela Rádio Farroupilha.
VIDA DE GAITEIRO
Romeo Neis foi também o primeiro gaiteiro de São Miguel do Oeste nos anos de 1948, 1949 e 1950. As pessoas vinham ao bar para ouvir seu Romeo tocar. Nos sábados à meia noite fechavam o bar e saiam fazendo serenatas. Com o passar dos tempos tocava também bailes em Anchieta, São José do Cedro, Guarujá do Sul, Guaraciaba, Descanso, Belmonte Bandeirante, Grapia e no CTG Porteira Aberta. Com uma banda tocou os bailes de carnaval no Clube Comercial, Clube Montese, em 1961, 1962, 1963 e 1964. Romeo também foi coordenador da equipe de festeiros que, em 1951, recebeu o Bispo de Palmas-PR Dom Carlos Saboia Bandeira de Melo. Também era tenor do coral da igreja, interpretando cantos angelicais e alguns em latim.
Após 13 anos, no início de 1961, os proprietários do Bar Guarani, os irmãos Neis, venderam o estabelecimento e alugaram o prédio. Romeo comprou dois lotes na Avenida Getúlio Vargas, e em 11 de outubro de 1961 entrou na casa nova.
SERVIDOR PÚBLICO E VIDA FAMILIAR
Em 1963 foi convidado pelo prefeito Leolino Baldissera para exercer o cargo de fiscal lançador. Foi funcionário público por mais de 23 anos, acompanhou a sucessão de 13 prefeitos, se aposentando como funcionário público na prefeitura.
Sua vida familiar iniciou aos 31 anos quando em 28 de julho de 1951 casou-se com Clélia Veronese, na Igreja Matriz São Miguel Arcanjo. Construiu uma família com quatro filhos, Ruben Gilberto Neis (68 anos), Moacir Romeo Neis (67 anos), Jaime Humberto Neis (em memória), Sandra Elizabeth Neis (50 anos), 10 netos e 12 bisnetos.
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