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Extremo Oeste mostra interesse pela Ferrovia da Integração

Autoridades lotaram o Centro Empresarial para acompanhar audiência
Dirigentes de entidades, imprensa e políticos acompanharam atentamente e também emitiram seus pareceres na manhã de ontem, em São Miguel do Oeste, na audiência pública que debateu a implantação da Ferrovia da Integração, que ligará Dionísio Cerqueira até o porto, em Itajaí.
O evento promovido pela Frente Parlamentar das Ferrovias, Acismo (Associação Comercial de São Miguel), Aveosc (Associação dos Vereadores do Extremo Oeste) e Ameosc (Associação dos Municípios do Extremo Oeste) prestou esclarecimentos sobre a obra que está prevista no PAC 2 (Plano de Aceleração do Crescimento) do Governo federal, com recursos assegurados de R$ 85 milhões para a elaboração do projeto.
Para o presidente da Aveosc e vereador em Anchieta, Aldemar Moscon (PMDB), a entidade já fez alguns encaminhamentos solicitando a obra que, na visão dele, irá alavancar o crescimento e o desenvolvimento econômico da região. “O sistema de transporte atual é deficitário devido à má conservação das rodovias e também pelo fato de o número de veículos aumentar constantemente e os riscos serem muito grandes. Nossa associação abrange 20 municípios da região, com 180 vereadores, que têm força para pressionar na liberação de recursos”, explica.
Já na visão de Airton Moss, presidente da Acismo, a boa participação na audiência é reflexo do interesse das entidades e organizações não governamentais, que mostram envolvimento com o poder político para proporcionar o desenvolvimento regional. “Essa ferrovia é uma necessidade e será um marco histórico. O transporte será mais barato e ágil, proporcionando uma vantagem a mais para a instalação de mais indústrias”, observa.
O coordenador da Frente Parlamentar das Ferrovias, deputado estadual Pedro Uczai (PT), disse que a efetivação da obra depende do empenho da sociedade porque, se alguma outra região pressionar, os recursos podem ser direcionados para outros lados. Para ele, só a inclusão no PAC 2 não é garantia da obra, porque a mobilização é fundamental para a rapidez dos estudos, viabilidade e licitação. “Precisamos ter um outro meio de transporte, pois no asfalto passa muita carga, que deteriora as BRs e coloca em risco muitas vidas. Precisamos dar um basta nisso. Os custos no transporte ferroviário diminuem entre 25% a 35%, além de ser mais segura e ambientalmente sustentável. A China por exemplo faz 8 mil km por ano de ferrovias. O mundo inteiro discute isso”, explica.
Uczai comentou que o estudo para a implantação da obra leva de 12 a 18 meses e a partir de então é licitada, com um orçamento de R$ 1,9 bilhão. “Se isso não acontecer, o Oeste perderá o bonde e as empresas irão embora”, alertou ele, revelando que não adianta a ferrovia ir somente até Dionísio Cerqueira. “A luta é fazer a ligação até Resistência, na Argentina, e Antofagasta, no Chile, que economizará 20 dias de navio em uma viagem até a China. O Paraná e o Mato Grosso do Sul já se mobilizaram e não podemos perder esta competitividade”, comparou.
Questionado sobre a efetiva continuidade da obra em caso de derrota do Partido dos Trabalhadores na eleição presidencial deste ano, Uczai relatou que se a sociedade mantiver esse rumo, a ferrovia sairá do papel. “O governo anterior privatizou as ferrovias e reduziu as mesmas em 20 mil km. Somente em Santa Catarina fecharam 500 km”, lembrou Uczai.
De acordo com o deputado federal Celso Maldaner (PMDB), essa ferrovia precisa ser pensada como uma ligação do Oceano Atlântico ao Pacífico e não somente numa extensão de 500 km. “Com certeza esse sonho se tornará realidade, mas é preciso mobilização e trabalho da sociedade”, apontou.
Maldaner, que é coordenador da Frente Parlamentar de Logística, Transporte e Armazenagem dos estados do Sul, lembrou que há 30 anos existia um compromisso federal de não se investir mais em ferrovias. “Agora, é preciso ter esse meio de transporte para a produção ser mais competitiva no mundo globalizado”, conclui.
Ao final da audiência, os organizadores elaboraram e aprovaram a carta de São Miguel, resumindo os principais pontos debatidos durante a manhã.
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