Senadores acusaram a empresa farmacêutica Vitamedic de lucrar milhões de reais com a venda de ivermectina, à custa de milhares de vidas perdidas para a Covid-19, na reunião da CPI da Pandemia desta quarta-feira, dia 11. O depoente do dia foi Jailton Batista, diretor-executivo da empresa.
Pressionado pelo relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), Jailton alegou não dispor de todos os números de vendas e faturamento da empresa antes e depois da pandemia. Admitiu, porém, que a venda da ivermectina - medicamento vermífugo e antiparasitário cuja eficácia contra a Covid-19 nunca foi cientificamente comprovada - saltou de 2 milhões de unidades de quatro comprimidos em 2019 para 62 milhões no ano passado.
A ivermectina foi apregoada em várias ocasiões pelo presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores como parte do chamado "kit covid" para o suposto "tratamento precoce" da doença. No Brasil, a Vitamedic é um dos principais produtores do medicamento, também vendido por outros laboratórios, como Abbott, Legrand e Neo Química.
Presidente da empresa
Diversos senadores, entre eles o relator Renan Calheiros e Otto Alencar (PSD-BA), defenderam a convocação do dono da Vitamedic, José Alves Filho, para prestar mais esclarecimentos. O requerimento original previa a presença do empresário nesta quarta-feira. Mas em ofício enviado à comissão, Alves argumentou que, como acionista da Vitamedic, poderia responder apenas sobre "investimentos fabris e novas aquisições". Ele sugeriu que a CPI tomasse o depoimento de Jailton Batista, a quem caberia "a administração das rotinas diárias" da empresa.
No depoimento, Jailton reconheceu que a Unialfa, outra empresa do grupo de José Alves, patrocinou um manifesto da Associação Médicos pela Vida, defensora do "tratamento precoce".
O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), exaltou-se ao lembrar que a ivermectina continuou sendo recomendada no auge da crise de oxigênio que matou centenas de pacientes de Covid-19 em Manaus no início do ano. "Esse manifesto é depois da morte de mais de 200 pessoas por dia na cidade de Manaus. E nem isso sensibilizou o laboratório a perceber que era um engodo. Não. Visou lucro, mancomunado com alguns médicos. Se isso não for crime, não tem mais nenhum crime para a gente investigar aqui nesta CPI" disse.
Jailton Batista defendeu a empresa alegando que ela não tinha como interferir no conteúdo do informe publicitário elaborado pela Associação Médicos pela Vida.
Fonte: Agência Senado
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