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A variante Delta é uma preocupação nacional e em Santa Catarina e em São Miguel do Oeste não é diferente. De acordo com o médico e coordenador do Comitê de Crise em SMOeste, Maurício Piacentini, já há uma convicção de que essa variante está circulando na região, apesar de não ter nenhum caso confirmado ainda. Segundo ele, desde os meses de maio e junho, têm se percebido uma modificação na característica da doença, não na sua apresentação nas formas leves, que continuam as mesmas, com sintomas muito semelhantes à gripe como febre, tosse, dor de garganta, dores pelo corpo, sintomas virais comuns. A grande diferença é no agravamento de casos, principalmente em pessoas jovens. "Tivemos recentemente um óbito de um paciente de 22 anos no Hospital Regional", revela.
Piacentini destaca que o perfil dos pacientes da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) se modificou. Ele lembra que no início da pandemia, a doença em sua forma mais grave atingia pessoas com uma idade mais avançada, acima de 60 anos. Hoje, a maioria dos pacientes da UTI tem menos de 60 anos. "Temos jovens de 18, 26, 32 anos internados na UTI, e com comprometimento pulmonar muito importante. Isso não se observava no início da pandemia. Agora o público idoso, ou mesmo adulto, de meia idade, já foram vacinados, e quem está com a vacinação completa há mais de quatro ou cinco semanas, está com uma proteção relativamente grande, em relação a casos graves da Covid. Pega, transmite, entretanto as complicações que necessitam de internação hospitalar e leitos de UTI tem uma probabilidade menor de acontecer nessas pessoas já vacinadas", explica.
O médico que também atua no Hospital Regional salienta que todas as variantes preocupam, não só a Delta, mas as demais que estão circulando, como a Gama, a Alfa, a Iota, que é uma variante que surgiu nos Estados Unidos, e tem se mostrado mais letal dos que as outras. "A ascensão dessas variantes nos preocupa muito, porque além de serem mais contagiosas, têm se mostrado mais graves, principalmente em jovens que não estão vacinados. A apresentação inicial de todas as variantes e do Coronavírus original e também de outras doenças virais, como a gripe e o resfriado comum, são iguais. Então no início da doença, você não tem como distinguir entre outras doenças virais como o resfriado comum e a gripe, só o teste, o antígeno para confirmar que é Coronavírus, principalmente no início da doença", aponta.
A orientação para a população é que continuem mantendo os cuidados, principalmente o uso da máscara, a higiene das mãos, continuem exercendo o distanciamento social, e evitando aglomerações. Nesse momento, a circulação das pessoas está praticamente normal, algumas atividades que estavam restritas voltaram a ter um funcionamento próximo da normalidade, mas, é preciso manter o distanciamento mínimo recomendado pela parte técnica dos comitês, que orientam os governos sobre as condutas frente ao Coronavírus. "O alerta fica principalmente de manter os cuidados que já foram exaustivamente recomendados desde o início da pandemia, mas principalmente o uso da máscara, o uso adequado da máscara, que deve ser de qualidade. A recomendação é que as pessoas utilizem os modelos N95 ou PFF2, que são máscaras descartáveis, que tem um período de utilização de 14 dias, desde que não sejam molhadas ou sujas por algum motivo, possuem alta qualidade e alta proteção", cita.
VACINAÇÃO É DE EXTREMA IMPORTÂNCIA
Além dos cuidados básicos, a orientação é que as pessoas se vacinem. "Que não percam a oportunidade de se vacinar o quanto antes, que não escolham a marca da vacina, pois todas protegem contra as formas graves da doença. As vacinas tem se mostrado de uma forma geral, próxima de 97% de eficácia. Apenas 3% ou 4% dessa população têm formas graves ou tem evolução desfavorável da doença", enfatiza o profissional da Saúde.
Piacentini afirma que a vacinação é a grande arma contra a Covid. "Iniciamos as primeiras doses em meados de fevereiro, já estamos em agosto, com seis meses de vacinação transcorrendo. Uma grande parcela da população adulta já foi vacinada, mas, gostaríamos que fosse 100%. O avanço da vacinação e a diminuição dos casos graves da Covid, por consequência da vacinação, é que propiciou este retorno gradual de algumas atividades que estavam suspensas até então ou restritas em seu funcionamento", lembra.
Mesmo com o avanço da vacinação na população adulta, o alerta é para que as pessoas sigam se cuidando. A aglomeração, principalmente com o consumo de bebida alcoólica, onde as pessoas não fazem o uso da máscara, é uma grande preocupação, porque é um ambiente muito propício para a disseminação da doença, principalmente em um público jovem, que muitas vezes não está vacinado. "Temos vários casos de pacientes jovens, que participaram de festas e que tiveram formas graves da doença, inclusive indo para a UTI, sendo entubados em casos graves e risco de morte. Fica o alerta, a vacinação protege, não 100% contra os casos graves, então mesmo sendo vacinado, tendo recebido as duas doses, é preciso continuar se cuidando, não podemos dar bobeira neste momento, onde já passamos pelo pior da Covid, precisamos continuar nos cuidando para não ter um cenário, como vivemos em meados de março, onde todos os hospitais estavam lotados, pronto socorros viraram UTIs Covid, e as UTIs lotadas", reforça.
Piacentini ainda ressalta que as pessoas precisam entender, que a vacina salva vidas, a vacina é importante, e que é a única arma efetiva contra a Covid. "Já vi muitos pacientes que quiseram escolher a vacina ou não se vacinaram por uma ideologia, chegarem ao hospital, com uma forma grave e chorarem antes de ir para a UTI, muitos não saíram, muitos se arrependeram, mas infelizmente não tiveram uma segunda chance. Então é extremamente importante, assim que chegar a sua vez, se vacine, não deixe passar esse momento, não escolha a marca de vacina, todas são efetivas. Porque talvez o arrependimento seja tarde demais. A pandemia continua e a doença tem se mostrado cada vez mais grave, principalmente em adolescentes, adultos jovens. Fica esse alerta para o público mais jovem, mantenha os cuidados e assim que possível façam a vacina", declara.
Conforme a vacinação seja completada, a rotina vai voltando ao normal. "Estamos em agosto de 2021, muito diferente do que foi agosto de 2020. Esperamos que até o fim do ano e início do ano que vem, a vida em sociedade esteja como na pré-pandemia, ou muito próxima a isso. Talvez com o advento das novas variantes seja necessário em um futuro próximo, uma terceira dose e um reforço da vacina, para proteger contra as variantes que têm surgido. Até esse momento no Brasil as vacinas tem se mostrado eficazes", considera.
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