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Argentina quer barrar exportações de SC

O governo argentino pretende impedir que redes de supermercado do país importem alimentos também produzidos pela indústria local. Prevista para entrar em vigor em 10 de junho, a medida é vista como abusiva e inaceitável pela Fiesc (Federação das Indústrias de SC), e as empresas catarinenses não acreditam que o bloqueio dos produtos catarinenses realmente seja posto em prática.
Segundo a presidente da Câmara do Comércio Exterior da Fiesc, Maria Tereza Bustamante, a decisão argentina pode afetar duramente o Estado e outros 37 segmentos da indústria brasileira que comercializam alimentos com o país vizinho. “A indústria brasileira vem sendo submetida a restrições de importação da Argentina desde 2002. Desde então as exportações para lá só têm caído”, analisa.
Ela atribui esse resultado à falta de vontade política do Governo federal em enfrentar a questão. “Há uma determinação do presidente Lula dizendo que o mercado interno está bombando e que temos obrigação de colaborar com a Argentina, com isso o problema não se resolve e a Argentina sente-se à vontade para impor os bloqueios”, critica.
Entre 10 itens catarinenses mais exportados para o país vizinho, dois estão na categoria de alimentos: a carne suína (cortes, carcaça e industrializada), do qual a Argentina é o quinto maior comprador, e a banana (fresca, seca, caramelizada e embalada para consumo direto). O intercâmbio com Brasil/Argentina vem evoluindo de forma equilibrada nos últimos meses. De janeiro a abril, o Brasil vendeu à Argentina US$ 4,8 bilhões e importou US$ 4,3 bilhões. A situação atual é bem diferente de 2008, quando o Brasil acumulou superávit de US$ 4,347 bilhões no comércio bilateral. Além disso, os alimentos representam pequena fração do valor do intercâmbio, no qual predomina o comércio de automóveis.
Para Bustamante, mais relevante do que listar os produtos barrados é não aceitar pacificamente essas barreiras sem atitudes de enfrentamento, mesmo que sejam de retaliação. “A Fiesc vai reagir e o setor industrial vai reclamar e se manifestar, mas cabe ao governo adotar medidas de retaliação, caso sejam necessárias”, anuncia.
CRIADORES
DE SUÍNOS
Surpreso com a notícia, o presidente da ACCS (Associação Catarinense dos Criadores de Suínos), Wolmir de Souza, disse que esse tipo de medida restritiva é normal e resulta de uma política em defesa do setor. “Acredito que a decisão pretende criar a possibilidade de negociação com o Brasil, mas não acho que ela se sustente porque eles não conseguem suprir o mercado interno. Se não importarem, podem acabar causando uma explosão nos preços”, estima.
Para o presidente da Aurora, Mário Lanznaster, a decisão argentina foi intempestiva e, por isso, não se sustentará por mais do que três semanas. Com produção mensal de 70 mil toneladas, das quais 87% ficam no Brasil e 13% vão para o mercado externo, a Aurora exporta uma média de 400 a 500 toneladas mensais de carne de porco para a Argentina, que ocupa o quarto lugar como importador da empresa. “A Argentina é um bom comprador. Esperamos que voltem atrás, mas se mantiverem o bloqueio teremos de redistribuir no mercado interno”, contrapõe.
O presidente da Faesc (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina), José Zeferino Pedrozo, frisa que essas restrições atingem, produtos brasileiros e ressuscita antigos conflitos comerciais iniciados há muitos anos e agravados com a imposição de licenças prévias pela Argentina a partir da crise de 2008. Desta vez a Argentina não invocou motivos sanitários para a proibição dos alimentos e o instrumento para impor a proibição será o trancamento de licenças de importação.
Pedrozo observou que ainda não se conhece uma relação oficial completa dos produtos barrados. Uma das grandes preocupações da Faesc é a carne suína. A Argentina é o quarto mercado da carne suína catarinense. Se a suspensão das importações argentinas atingir esse produto, poderá haver excesso de oferta no mercado interno e os preços – que estão em uma linha ascendente de recuperação – podem sofrer nova depressão.
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