Big Techs: Lula dá novo foco à relação com os EUA ao apostar na regulação das redes

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva encontrou na regulação das redes sociais uma oportunidade estratégica para reposicionar o Brasil nas relações comerciais com os Estados Unidos. A decisão de enviar um novo projeto ao Congresso não se resume ao combate à exploração da imagem de crianças na internet: aliados próximos veem o movimento como uma frente política capaz de alterar o foco das negociações bilaterais.
Estratégia política e comercial
Segundo especialistas ouvidos pelo Planalto, o endurecimento das regras para atuação das big techs pode se tornar um canal de diálogo que desvia o debate das tarifas impostas pelos EUA, tema que, segundo petistas, foi contaminado pelo jogo político do bolsonarismo e acabou enfraquecendo a posição brasileira nas conversas comerciais.
Um indicativo desse cenário foi o cancelamento de uma reunião virtual entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent. Embora as áreas técnicas demonstrassem interesse em avançar, o componente político acabou sobrepondo o diálogo, refletindo a complexidade do momento.
Momento favorável para retomar a pauta
Para o Planalto, o timing é favorável. Lula sempre considerou a regulação das big techs uma pauta prioritária, mas esforços anteriores foram frustrados, incluindo propostas que avançaram no Congresso, mas recuaram diante do risco de derrota. Agora, o governo busca retomar o tema em um ambiente mais propício, aproveitando o debate recente sobre a “adultização” de crianças nas redes, mobilizado pelo influenciador Felca, que trouxe visibilidade e apoio popular à discussão.
Apoio político e articulação no Congresso
Além disso, a pauta ajuda a reaproximar o Planalto do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que se engajou na iniciativa de avançar com as discussões sobre a regulação das grandes plataformas digitais. Para aliados, o cenário atual permite ao governo combinar estratégia política interna com interesses comerciais, criando um espaço de negociação mais equilibrado com os Estados Unidos.
Proteção de crianças e equilíbrio internacional
Com esse movimento, Lula busca não apenas proteger crianças e adolescentes na internet, mas também transformar um tema sensível em instrumento de fortalecimento das relações diplomáticas e econômicas, equilibrando política interna e interesses internacionais.
Fonte: Portal CNN

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