Raul Gransotto: ?Tentativa de cassação me fortaleceu?

Novo presidente da Câmara assumiu anunciando construção de nova sede para o Legislativo e cinema. O apoio da bancada do PMDB para conseguir a presidência, segundo ele, não significa apoio ao governo

Folha - Quais as mudanças que pretende implementar na Câmara?

Gransotto - Haverá diversas modificações. Queremos implantar uma nova forma de trabalho. Para isso, vamos criar a figura do assessor parlamentar para os vereadores, que hoje não existe. Também, o chefe de gabinete para o presidente, a fim de que o secretário executivo não precise se ater à parte política, possa se ater somente à parte técnica. O secretário da Câmara terá como função principal auxiliar na fiscalização do Executivo. Vamos, ainda, construir uma sede própria para a Câmara. Assim, o prédio que o Legislativo hoje ocupa, pertencente à prefeitura, poderá ser destinado à creche. Vamos implantar um sistema informatizado na Câmara, colocando-a em rede. Neste aspecto é importante ressaltar a criação de uma página na internet, com todas as leis municipais, notícias atualizadas e os pronunciamentos dos vereadores. Isso permitirá que a população possa saber como anda a tramitação dos projetos e conheça a posição dos vereadores acerca das propostas. Para dar ainda mais transparência ao nosso trabalho, pensamos na transmissão ao vivo das sessões. Acreditamos que a comunidade deve saber o trabalho que o vereador faz, até para tirar aquele estigma de que o vereador não trabalha. Vamos buscar, ainda, a implantação do Procon, uma reivindicação antiga da comunidade.

Folha - Existem recursos para isso tudo?

Gransotto - Tivemos uma infeliz surpresa quando assumimos, pois o percentual da Câmara, que sempre girou em torno de 6% do orçamento municipal, foi reduzido pelo ex-presidente para 4%. Isso nos limitou. Vou conversar com o prefeito para ver o que pode ser feito a respeito disso. Com relação à construção da sede própria, nossa idéia é fazer uma sala de plenário com 250 lugares para ser usada também como cinema. Quando o espaço não é usado para sessões legislativas, será utilizada como sala de cinema. A criação de um cinema é uma grande aspiração da população. Penso que é perfeitamente viável construir um espaço que sirva às sessões legislativas e ao cinema.

Folha - A contratação de Gilmar Baldissera, para o cargo de secretário da Câmara, causou uma certa surpresa. Que critérios o senhor utilizou para contratá-lo?

Gransotto - Em primeiro lugar, a confiança que tenho nele. Depois, o conhecimento que ele tem. O Gilmar Baldissera está capacitado para fazer um bom trabalho, desempenhar o papel de fiscalizador do Executivo, principal função da Câmara. Em nossa gestão (à frente da presidência), o cargo dele será muito mais técnico do que político.

Folha - Por que o senhor quis ser presidente no primeiro ano?

Gransotto - Em função de todo o processo de cassação que sofri. Eu quis mostrar à população que não há nada de errado. Tanto é que no Tribunal fomos absolvidos por unanimidade. Tivemos cinco votos a zero a nosso favor no TRE. É importante dizer isso, principalmente àqueles que me acusaram. A gente não é superior a essas pessoas, mas tem de tratá-las de igual para igual. Agora, como presidente, no campo das idéias, é claro, posso fazer com que essas pessoas se arrependam. Também, porque acredito que o vereador mais votado deveria ser o primeiro presidente, sempre. Isso deveria se tornar uma praxe.

Folha - Ter conseguido a presidência com a ajuda do PMDB significa algum tipo de apoio à Administração Municipal?

Gransotto - Não. Quero esclarecer que não tenho problemas com o PMDB. Tenho, isso sim, algumas restrições pessoais com pessoas que integram o partido. Fui enganado financeiramente por elementos que pertencem ao PMDB. Só que isso é uma questão pessoal que não levo para a política. Com esse novo PMDB que está aí, do prefeito Valar, não temos divergência nenhuma. Tanto é que conversamos para tentar uma composição para concorrer à prefeitura. Só não convergimos para um acerto porque na época eles não aceitaram nossas exigências. Acharam que estávamos pedindo muito. Depois verificamos que nossas exigências foram mínimas. Devíamos ter pedido mais em função da expressiva votação que fizemos.

Folha - Então qual será sua postura com relação ao Governo Municipal?

Gransotto - Não esperem de mim uma oposição radical, mas também não serei bonzinho. Nós vamos, e o Gilmar Baldissera está aqui para isso, tratar todos os assuntos estritamente dentro da lei. Estou na política para ajudar SMOeste a crescer, até porque tudo que é meu está aqui. Se a cidade cresce eu ganho, todos ganham.

Folha - Seu partido concorreu coligado com o PFL. A disputa pela presidência, já que o outro candidato era do PFL, não prejudica a relação construída até então?

Gransotto - O único prejudicado neste contexto foi o Milto Annoni, meu particular amigo. Teremos que ver uma forma de reverter essa perda, política e material, que ele teve. Faremos de tudo para que o racha não aconteça. Porém, o Milto tem de entender que eu estava enfrentando um processo violento. Ele mesmo presenciou quando o vereador do PT, de certa forma, me agrediu durante uma reunião da oposição. Tive, então, que me retirar deste grupo. Tudo o que fiz, é preciso salientar, o Milto Annoni estava sabendo.

Folha - Qual foi o motivo pelo qual o senhor deixou o bloco de oposição e disputou a presidência com o apoio do PMDB?

Gransotto - Na verdade, a população tem de saber que negociar com o PT é muito difícil. Já tentamos nas eleições, não conseguimos. Com o PT é muito complicado. Eu não sento mais para negociar com o PT. Eu sofro terrivelmente por causa de um processo movido pelo Partido dos Trabalhadores e o vereador petista se ofende porque eu, ou meus procuradores, teríamos falado mal de pessoas ligadas ao PT. Isso é conversa, apenas uma desculpa dele. Só que ele conseguiu minar o grupo de oposição.

Folha - O processo de cassação serviu para fortalecer seu nome?

Gransotto - Com certeza. As pessoas que tentaram me cassar acabaram me credenciando, se eu fizer um bom trabalho, para uma futura candidatura a prefeito. Eu demonstrei para a sociedade que tenho força, consigo transpor dificuldades. E olha que não foram pequenas estas dificuldades...

Folha - Qual a sua meta política?

Gransotto - Meu objetivo é ser candidato a prefeito numa próxima oportunidade.

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