Prevenir e aprender a conviver com a estiagem
O armazenamento de água é a melhor solução, tendo em vista que segundo as previsões o ponto crítico não é agora, mas nos próximos meses
Apesar das chuvas ocorridas nos últimos dias em algumas cidades da região os prejuízos da estiagem continuam. Conforme a avaliação do engenheiro agrônomo da gerência regional da Epagri, em SMOeste, Domingos Rogério Donadel, o período vivido neste início de ano diferencia-se da estiagem do ano passado, por ser mais intenso e em poucos dias prejudicar o abastecimento de água para o consumo.
Ele explica que as estiagens na região são problemáticas desde 1978, quando ocorreu a primeira grande seca, e nos demais anos tornaram-se periódicas. ?Claro que algumas foram mais intensas do que outras e as medidas de combate precisam ser de caráter preventivo. As pessoas precisam aprender a conviver com os períodos de seca?, considera.
Segundo o agrônomo, o volume de chuvas está aumentando durante o ano, mas se concentra com mais intencidade no outono e inverno. Em junho de 2005, por exemplo, foi registrado pela Epagri o maior volume de chuvas, chegando a 391,9 milímetros. Donadel lembra que desde o final de outubro não chove o suficiente para incrementar o volume de água potável para consumo. Ele cita uma pesquisa feita em Itapiranga, mas que reflete em todo o Extremo Oeste, onde foram registrados 13 períodos de estiagem.
O agrônomo da Epagri, revela algumas medidas que podem ser feitas para minimizar o problema da estiagem, como a implantação de cobertura do solo; proteção de fontes e nascentes; armazenar água em cisternas e açudes; evitar desperdício; implantar rede de abastecimento de água em comunidades e redefinir a propriedade rural. ?O governo libera recursos para aplicar nessas áreas. A estiagem é um problema que pode ser minimizado, mas não anulado?, adverte.
Donadel cita o programa Microbacias 2, como uma das propostas com finalidade de trabalhar a reestruturação da propriedade rural, evitando que as famílias deixem o meio rural. O projeto de proteção de fontes é uma das iniciativas que contribui para evitar a falta de água em época de estiagem.
Armazenar água
O presidente da Cidasc, Wilmar Carelli, lembra que o governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) esteve em Chapecó e anunciou a liberação de R$ 6 milhões de recursos se antecipando, porque segundo as previsões o ponto crítico não é agora, mas nos próximos meses. ?A orientação é que os agricultores adquiram a consciência de armazenar água e o hábito de não esquecer de que mais cedo ou mais tarde a estiagem vem. A armazenagem de água pode ser através de cisterna, aproveitando a água que cai do telhado e através das calhas conduzidas até um reservatório. Paralelamente a isso, pode se fazer um reservatório através de uma fonte Caxambú, que é um ?esquema? desenvolvido hoje pelo Microbacias. Essas fontes têm resolvido os problemas da falta de água de consumo humano. A saída então é o armazenamento de água para atender as necessidades das propriedades?, considera Carelli.
Quanto às cisternas existem recursos disponíveis para isso. ?São empréstimos aos agricultores a juro zero, com cinco anos para pagar, que o governador anunciou na semana passada. Inclusive ele isentou os juros dos empréstimos de anos anteriores para que as pessoas possam realizar esse investimento com as cisternas, fazendo com que elas sejam usadas como precaução para as próximas secas, que com certeza virão?, reitera o presidente da Cidasc.
Programa assegura abastecimento no interior
Em SMOeste, o Programa Água Limpa, desenvolvido através da Secretaria de Agricultura desde 2001, vem disponibilizando água para famílias do interior. Segundo o prefeito em exercício, Moacir Martello (PMDB), desde dezembro estão sendo construídos 29 poços artesianos, modelo Caxambú, beneficiando moradores das linhas Pinheirinho, Bela Vista das Flores, Jacutinga do Veado, Jacutinga do Guamerim e Aparecida.
As atividades são execu-tadas em conjunto entre Governo Municipal, agricultores e programa Microbacias. Martello disse que para a grande maioria dos agricultores a estiagem já vem causando prejuízos e a prefeitura, de acordo com suas possibilidades, está auxiliando as famílias mais atingidas. Somente neste mês, já foram transportados 230 mil litros de água para as propriedades rurais, segundo informações do secretário municipal de infra-estrutura, Vilson Bratkowski.
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