Agricultores reivindicam políticas públicas de amparo

A diminuição do preço dos insumos está entre as reivindicações dos produtores

A Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetaesc) e seus sindicatos filiados realizaram ontem, dia 20, o Ato Público para reivindicar qualidade de vida no campo. O movimento começou por volta das 9h30 e se estendeu até as 14h30, no ginásio do Guarani. Agricultores de toda a região Extremo Oeste, autoridades municipais, estaduais e federais, representantes de sindicatos e o presidente da Festaesc, Hilário Gottselig, estiveram presentes.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Miguel do Oeste, Joel de Moura, a mobilização teve por objetivo reivindicar políticas públicas de apoio à agricultura familiar devido ao alto custo de produção na safra 2008/2009, ao endividamento agrícola, à falta de recursos para a habitação rural e ao excesso de burocracia do programa nacional de crédito fundiário. Para isso foram formadas comissões encarregadas de levar a documentação de reivindicação até as agências do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e da Receita Federal, além da entrega às autoridades que estavam presentes na ocasião.

Um dos motivos da reivindicação é a alta dos insumos, como o adubo e a uréia, que estão encarecendo a produção para o agricultor. Conforme Moura, a justificativa dada em anos anteriores era de que o aumento era reflexo da alta do dólar, no entanto, este ano, a moeda está em baixa, e, portanto, este argumento não pode ser sustentado. "No nosso entendimento, o que está acontecendo é um monopólio das grandes empresas que estão controlando os insumos agrícolas, já que, pela safra cheia que tivemos no ano passado, com um preço regular e a previsão de um grande plantio para a próxima safra, as empresas aproveitaram para manipular e aumentar o preço dos insumos. O que está acontecendo é uma exploração comercial dos fabricantes desses insumos.", ressalta.

O sindicalista esclarece que a alta do preço dos insumos gera reflexos consideráveis na mesa do consumidor. "Inclusive já tem economistas falando que a previsão para os próximos dez anos é de que este será o alimento mais caro da história do País. Isso tudo devido à alta do custo de produção. É aí que se encontra o problema, porque essa diferença não está ficando com o agricultor, e sim no monopólio das grandes empresas", argumenta.

De acordo com uma comparação realizada no mesmo período do ano passado, um agricultor que produz cerca de três mil litros de leite por mês ganhava R$ 0,70 por litro e pagava R$ 45 por uma saca de adubo. Com 64 litros de leite o produtor podia comprar uma saca de adubo, e hoje esse mesmo produtor está ganhando R$ 0,61 por litro de leite, e para o mesmo saco de adubo paga R$ 105. "Veja a perda que este agricultor está tendo. Isso acaba encarecendo na mesa do consumidor. E quem fica com essa margem são as empresas fabricantes dos insumos e medicamentos", salienta Joel.

Outros exemplos dos reflexos desse aumento estão na safra de trigo, que teve um aumento de 38%, do arroz - 22% e na soja - 25%.

Conforme o agricultor Valdir Paulo Lenz, de Iraceminha/SC, esse aumento dos insumos está praticamente impossibilitando os agricultores de comprá-lo para fazer a nova safra. "Eu acho que além de prejudicar o produtor rural, prejudica também nos custos para a sociedade no geral. Hoje estamos aqui reivindicando melhorias para valorizar o homem do campo, para que ele permaneça na agricultura. É muito importante estarmos aqui, para alcançarmos nosso objetivos e melhorar o custo de vida do agricultor", declara.

Para Moura, há vários fatores que estão desmotivando o agricultor de continuar com a lida no campo. Se o agricultor não tem incentivo de plantar, quem vai pagar a conta é o consumidor, principalmente da área urbana, porque o agricultor, se ele quiser parar, ainda planta para comer, mas e quem mora na cidade?Então, a nossa preocupação no momento não é só com a agricultura, mas com a sociedade no geral", finaliza.

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