Agricultores já estão sem água para o consumo

Vários municípios da região do Meio Oeste e Oeste já decretaram situação de emergência devido à seca. Mas nos que ainda não tomaram esta atitude o problema também é grave

Olhando para a plantação de milho da propriedade rural de Lurdes Tirloni, na Canela Gaúcha em São Miguel do Oeste não dá para imaginar o quanto a família sofreu com a estiagem nos dois últimos anos, em especial em 2005. Apesar de ainda estar vivenciando as conseqüências da seca, a agricultura afirma que a pastagem e a colheita de milho do cedo deste ano não foram prejudicadas.

Realidade muito diferente de vários municípios da região que, assim como no ano passado, estão \"penando\" devido à falta de chuva. Muitos já decretaram situação de emergência, outros ainda não, porém os estragos nas lavouras e a falta de água, inclusive para o consumo humano, são eminentes. Mesmo não passando por este problema, Roberto Tirloni, diz que a família está muito preocupada, pois se parar de chover na localidade, o milho do tarde não suportará a seca e os prejuízos, como no ano passado, assolarão a propriedade.

Devido a seca em tantos municípios do Meio Oeste e Oeste o governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) oficializou na quarta-feira, dia 11, medidas para atender os municípios para que decretaram situação de emergência. O governo irá liberar R$ 6 milhões para os atingidos tomem medidas para amenizar os efeitos da estiagem. O recurso será liberado pelo Fundosocial.

Os prejuízos causados pela estiagem já superam os R$ 241 milhões. Na próxima semana, a Secretaria da Agricultura realizará uma reunião de entidades de classe como a Faesc, Fetaesc e Fetraf-Sul, para traçar com o setor agropecuário a estratégia para enfrentar os prejuízos com a seca.

Assim como no caso da propriedade de Lurdes Tirloni, em Barra Bonita 20% das lavouras de milho do cedo não foram atingidas. Mas de acordo com o secretário da Agricultura, Antônio Romano Boff, dos 80% restantes existem lavouras que apresentam perdas de até 50%. Ele conta que a chuva ocorrida durante a semana só caiu em quatro comunidades do município e onde a seca não deu trégua a situação está cada vez mais complicada.

\"Os agricultores estão preocupados. O prefeito ainda não decretou situação de emergência, mas se continuar assim isso deverá acontecer. Se não chover significativamente nos próximos dias a produção de milho do tarde, que agora já está soltando as flores, será comprometida\", destaca. Além disso, na comunidade da linha Alto São José a prefeitura já está transportando água.

Segundo ele, os mais prejudicados são os pequenos produtores e, além disso, os prejuízos já estão chegando na produção de leite, que devido a falta de água caiu em torno de 35% . \"Por causa da seca a prefeitura está dando prioridade à produção de silagem. Os agricultores estão aproveitando o milho para fazer silagem, por que não tem outra alternativa\".

Na manhã de sexta-feira, dia 13, a SDR (Secretaria de Desenvolvimento Regional) reuniu no Cetresmo prefeitos e secretários da agricultura de toda a região. O objetivo do encontro foi discutir sobre as medidas para amenizar os efeitos da estiagem e os incentivos viabilizados pelo Estado.

Sem água para o consumo

Em Campo Erê alguns agricultores já estão sem água para o próprio consumo. Segundo o secretário da Agricultura Nelson Rintzel a situação está grave para comunidades como Pinheirinho, Área Nova, Alfa 1, Belo Horizonte e Sul Brasil. Já na região mais próxima da cidade a situação não é tão crítica, mas esses locais vêm sofrendo com problemas indiretos como ataque de pulgão - foi preciso usar até um avião para pulverizar as lavouras - e lagartas na espiga do milho. Contudo, ambos pelo mesmo motivo: a falta de chuva.

Segundo o secretário ainda não dá para precisar as perdas, mas se continuar com este clima a tendência é a decretação do estado de emergência. \"Por enquanto a prefeitura está socorrendo esses agricultores, abrindo poços e bebedouros para quem ficou sem água\", conta.

Rintzel afirma que neste ano a seca não está tão grande, mas começou bem mais cedo. \"Esse é nosso maior temor, porque se a estiagem se prolongar será pior. No ano passado levou mais tempo de seca para começar faltar água. Parece que as vertentes não tiveram reserva para suportar a seca\", evidencia.

O secretário afirma ainda que a seca na região está bem localizada. \"Às vezes, quem mora no mesmo município em uma localidade que choveu com regularidade nem se dá conta que outro agricultor está em uma situação que não tem nem água para beber\", completa.

PRESERVAÇÃO

Tanto o secretário da Agricultura de Campo Erê quanto o de Barra Bonita destacam que para evitar os problemas vividos em função da estiagem é preciso fazer um trabalho de preservação das vertentes e evitar o desmatamento. \"Precisamos nos conscientizar da importância de um trabalho preventivo na época da chuva. O pessoal falava que daqui a cinco anos faltaria água, mas hoje a gente percebe que a situação é mais urgente, pois muitos agricultores já passam por isso\", observa Rintzel.

ÚLTIMAS SAFRAS

A palavra seca, de um modo geral, sempre esteve associada a região Nordeste do país, mas de alguns anos para cá essa realidade vem marcando o solo também do Sul. Em Santa Catarina a estiagem vem sendo um problema repetido nas últimas seis safras: desde 1999/2000 três apresentaram prejuízos aos produtores. Na safra de 2004/2005 as perdas chegaram na casa de R$ 734 milhões. Segundo o Secretário de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural Moacir Sopelsa, nos últimos três anos o Governo do Estado investiu R$ 23 milhões na implantação e financiamento de sistemas de proteção de fontes, de abastecimento e de reservação de água.

Situação de emergência

Na tarde de quarta-feira, dia 11, o município de Guaraciaba decretou estado de emergência devido à estiagem que está causando problemas no abastecimento de água para o consumo humano e animal e prejuízos na lavoura e produção de leite. Guaraciaba é mais um, em uma lista de vários municípios que decretaram situação de emergência por causa da seca.

São eles: Arabutã; Arvoredo; Bom Jesus; Coronel Freita; Chapecó; Cunhataí; Cordilheira Alta; Concórdia; Entre Rios; Erval Velho; Formosa do Sul; Guatambu; Herval do Oeste; Ipira; Ipuaçu; Irani; Irati; Ibiam; Ita; Jaborá; Jardinópolis; Lindóia do Sul; Lageado Grande; Marema; Maravilha; Nova Itaberaba; Nova Erechim; Ouro Verde; Ouro; Paial; Peritiba;; Planalto Alegre; Planalto Alegre; Planalto Alegre; Presidente Castello Branco; Ponte Serrada; Piratuba; Palma Sola; Quilombo; Santiago do Sul; Xaxim; Xanxere; São José do Cedro.

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