Afogamentos: nadar é coisa séria

Cuidado nunca é demais quando o assunto engloba água e pessoas. Ninguém, por mais preparado, está totalmente a salvo de sofrer um acidente e afogar-se

Chega o verão, e com ele a vontade de freqüentar piscinas, rios, riachos, praias, açudes e lagoas. O calor faz com que aumente sensivelmente a quantidade de pessoas nestes locais. Mas é preciso ter muito cuidado. Ao mesmo tempo que cresce o número de frequentadores, expande-se também o índice de acidentes relacionados à água, dentre eles, o afogamento. A falta de atenção e o descaso dos banhistas são grandes responsáveis por muitas mortes, em momentos que deveriam ser de diversão.

A maioria das pessoas, quando pensa em acidentes relacionados com água, lembra somente do afogamento por não saber nadar. No entanto, eles podem ser ocasionados por mergulhos em águas rasas, uso de álcool, cãibras ou desmaios durante a prática de natação, acidentes com veículos aquáticos, dentre outros. Os traumas mais freqüentemente associados aos acidentes na água são a obstrução de vias aéreas, parada cardíaca, ataques cardíacos, traumas na cabeça, pescoço e internos e ainda, hipotermia.

Saiba como proceder

Segundo o pelotão do Corpo de Bombeiros de São Miguel do Oeste, não se deve fazer um salvamento na água a menos que se tenha recebido treinamento para isso ou haja outras pessoas que possam ajudar; jamais sozinho ou sem recursos, caso contrário, ao invés de fazer o salvamento, possivelmente, haverá mais uma vítima. Por isso, a primeira providência a ser tomada diante de um afogamento é solicitar o socorro especializado do Corpo de Bombeiros, pelo telefone de emergência (193).

Se a vítima estiver na água, e já tenha chamado o socorro, tente puxá-la para fora jogando algo que flutue (câmara de ar ou isopor, por exemplo), se possível amarrado numa corda, para ser puxado. Os salvamentos não devem ser tentados por pessoas inexperientes, que não consigam ter controle sobre as vítimas em pânico, na água. Já foram registrados inúmeros casos de afogamentos duplos, quando pessoas não treinadas tentaram salvar vítimas de afogamento e acabaram morrendo junto.

Nos acidentes relacionados à água, deve-se considerar qualquer paciente, inconsciente, como um atingido por trauma de coluna vertebral. Geralmente é causado por mergulhos (bicos) em águas rasas. Nesses casos, deve-se tomar cuidados especiais com a vítima, durante e após a sua retirada da água, a fim de proteger sua coluna cervical.

Manter a vítima na água

Em caso de afogamento seguido de parada respiratória, é necessário o atendimento por socorrista do Corpo de Bombeiros ou pessoa que possua conhecimentos técnicos, que iniciará o socorro, se possível, antes mesmo de ser retirado da água. Por isso, é importante manter o paciente flutuando até a chegada da ajuda especializada.

Caso a vítima já tenha sido retirada da água antes da chegada do Corpo de Bombeiros, posicione-a deitada de barriga para baixo. Entretanto, sempre considerar a possibilidade de traumas na coluna. Quase todas as vítimas de afogamento apresentam algum grau de hipotermia, por isso, mantenha-as o aquecidas, sem exagerar.

Enfim, os seres humanos têm o chamado reflexo mamífero do mergulho. Quando permanecemos em água fria de modo que a cabeça fique submergida, o corpo envia mais sangue oxigenado para o cérebro, pulmões e coração e diminui a freqüência dos batimentos cardíacos. Quanto mais fria a água, mais oxigênio será armazenado nestes locais. Por isto, uma vítima de afogamento tem que receber os cuidados da reanimação até mesmo quando não respira há 10 minutos ou mais. Muitos pacientes nestas condições já foram reanimados. Por isso, procure ajuda de pessoa com conhecimentos técnicos e sempre chame o Corpo de Bombeiros pelo telefone 193.

Dicas de prevenção

* Levar sempre algum material flutuante e deixá-lo nas proximidades, visível e disponível;

* Atentar para placas indicativas de local apropriado para banhistas e, caso não hajam, procurar informações sobre o local;

* Não entrar na água após ingerir substância tóxica, medicamento ou depois de refeições;

* Não entrar em locais com águas profundas se não estiver acompanhado ou perto da vista de pessoas, porque mesmo sendo bom nadador, ninguém está a salvo de algum tipo de acidente;

* Não mergulhar em águas rasas ou desconhecidas;

* Não tentar retirar uma vítima nadando se não possuir conhecimentos de abordagem;

* Não deixar crianças sozinhas;

* Não jogar vidros e outros lixos no rio, piscina, açudes. Isso pode vitimar outra pessoa.

 

Saber executar o "boca à boca" é um trunfo que pode salvar vidas

 

Nem sempre o socorro está perto para realizar a reanimação de uma vítima afogada, que foi corretamente retirada da água. Ter uma pessoa, próximo, que saiba realizar a ventilação artificial, o chamado boca à boca, e as massagens toráxicas, que em conjunto formam o RCP (Reanimação Cardiopulmonar), é sempre bom. Apesar de parecer simples para muitos, o método é, de certa forma, complexo e deve ser utilizado por pessoas que tenham conhecimento adequado. Quando possível, é importante ter alguém que conheça os procedimentos entre os banhistas.

A primeira atitude a se tomar é ter certeza que a pessoa não respira. Para isso, deve-se ver, sentir e ouvir a respiração, por meio da movimentação do tórax e abdomen e entrada ou saída do ar da boca da vítima. Também deve-se analisar se a pessoa ainda apresenta batimentos cardíacos, sentindo se há pulsação. Caso o afogado não respire ou apresente batimentos, pode-se iniciar a reanimação, sempre começando pela ventilação. De maneira alguma deve-se fazer massagens cardíacas em quem ainda apresenta batimentos, pois isto pode trazer complicações. Por isso a necessidade de seguir corretamente todos os procedimentos.

A forma de executar o método varia de acordo com o tamanho da vítima: adulto, criança ou lactente (bebês). Em adultos, faz-se quatro séries de duas ventilações (assopros na boca com o nariz tampado com a mão) por 15 massagens toráxicas com as duas mãos. Em crianças, duas ventilações por cinco massagens toráxicas feitas com apenas uma mão. Em lactentes, deve-se fazer uma ventilação com a boca do socorrista na boca e nariz do socorrido por cinco massagens no peito feitas com dois dedos.

Na maioria das vítimas de afogamento, quer seja de água doce ou salgada, os vômitos permanecem como principal fator de complicação. Muitas vezes, a vítima tem água no estômago e isto poderá fazer resistência aos seus esforços ventilatórios, momento que o atendimento da equipe de emergências do Corpo de Bombeiros ou pessoa habilitada é imprescindível.

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