População preocupada com falta de calçadas em SMOeste

População preocupada com falta de calçadas em SMOeste

Segundo o engenheiro de trânsito, responsabilidade das condições das calçadas, acostamentos, acessibilidade e segurança é das prefeituras

Nas últimas semanas, o Jornal Folha do Oeste voltou a receber reclamações das condições das calçadas de São Miguel do Oeste, mas desta vez a maior preocupação reside nos locais que não possuem as calçadas nem mesmo acostamentos para os pedestres. Conforme os munícipes, um dos trechos mais preocupantes está na Rua Barão do Rio Branco, nas proximidades do Senai, onde a falta de calçadas em muitos trechos faz com que os pedestres caminhem sobre a via. Outros pontos preocupantes estão na Rua Willy Barth, já que a maioria da via não possui calçadas; a Sete de Setembro, no trecho recém-asfaltado no Bairro Salete e que também não tem calçadas em toda sua extensão; na Avenida Salgado Filho, utilizada por muitos estudantes da Unoesc, do Senai e Senac e também por pessoas que praticam exercícios físicos; e trechos da Waldemar Rangrab.
Conforme o engenheiro de trânsito Rui Pires, que fez um estudo do trânsito de São Miguel do Oeste, de junho de 2006 a junho de 2008, a responsabilidade de qualquer obra nas vias do município, que contam além das pistas os acostamentos e calçadas, é do município, assim como os acidentes ocorridos nessas vias. “O que percebemos é que são feitas obras de pavimentação nas vias e esquece-se do pedestre e a responsabilidade por todas as obras e pela segurança das vias é da prefeitura. Tanto na questão das ruas sem calçadas quanto nas adequações, a responsabilidade é da Administração Municipal, que tem que encaminhar projetos e buscar verbas. Essa situação das calçadas é de responsabilidade do município. Se alguém torcer o pé em uma calçada esburacada, a responsabilidade civil objetiva de ressarcimento ao dano é da prefeitura. Isso serve também para acidentes ocasionados pela falta de sinalização. A prefeitura tem que dar subsídios e executar as obras e não cobrar do munícipe, porque é a prefeitura que tem que dar as soluções. Não necessariamente a prefeitura tem que fazer as calçadas, mas pelo menos deve ampliar os acostamentos. O cidadão não tem que resolver o problema e sim cobrar que sejam feitas as obras necessárias”, enfatiza Pires.
Segundo o engenheiro, durante o estudo, a maior incidência de problemas nas calçadas do município foi com a falta de acessibilidade. “O mais preocupante é a questão da acessibilidade, para que os cadeirantes e outras pessoas com dificuldades de locomoção possam circular. Existem problemas de falta de rampas e rebaixamentos e algumas das existentes estão fora do padrão. Tudo isso tem normas para serem seguidas. Outro problema se refere às faixas de segurança, que têm apenas dois metros de largura e o padrão é de no mínimo quatro metros. Apesar das calçadas com problemas, outra preocupação é com a falta dela em muitos pontos do município”, ressalta.
Sobre a Rua Willy Barth por onde passa a BR-163, o engenheiro salienta que essa é considerada a via mais perigosa do município, não só para os motoristas, mas principalmente para os pedestres. “Na Willy Barth, além do problema da falta de calçada e acostamento, existe a dificuldade de se fazer uma travessia segura, que deve ser feita sempre em duas etapas. Imaginem uma pessoa idosa fazendo uma travessia de 10 ou 12 metros em local de tráfego intenso, com excesso de velocidade, sem fazer uma parada. O Código de Trânsito diz que as pessoas têm que olhar para os dois lados para atravessar, mas em casos como o da Willy Barth, quando se olha para a direita e vai-se olhar para a esquerda, na direita já estão novamente vindo veículos e por isso é necessário um espaço no meio das duas pistas para que a pessoa possa atravessar com segurança”, explica.
Os índices de acidente nos dois anos da pesquisa também foram altos segundo o engenheiro, sendo a maioria deles registrados na Rua Willy Barth. Segundo ele, no período de 16 de junho de 2006 a 16 de junho de 2008 foram registrados 503 acidentes com lesões corporais no município, sendo 104 na Willy Barth. No ranking de acidentes estão ainda a Waldemar Rangrab, a Marcílio Dias, a Rua XV de Novembro e a Sete de Setembro. “Eu me assustei com o alto número de atropelamentos no município, sendo registrados 53 casos, com seis mortes no período de dois anos. E isso é ocasionado principalmente pela falta de segurança para circulação e travessia dos pedestres nas vias. Eu também percebi que muitas pessoas não utilizam a faixa de segurança para atravessar e esse é outro problema”, destaca.

 

CUSTOS
O engenheiro explica que além de fazer obras para resolver os problemas, é preciso trabalhar na prevenção. Conforme Pires, nos dois anos de estudo feito no município foram gastos mais de R$ 9 milhões com os acidentes de trânsito. De acordo com os cálculos feitos pelo engenheiro, o município gasta de cerca de R$ 13 mil por dia. Esses valores foram calculados por dados do Ipea, sendo mais de R$ 3 mil para danos materiais, cerca de R$ 17 mil para lesões corporais e R$ 144 mil por morte. “Isso é calculado para todas as despesas decorrentes de um acidente, desde o deslocamento da viatura até o local, passando por atendimento médico, indenizações e até mesmo o funeral”, explica.
Sobre os recursos, o engenheiro citou como exemplo o município de Santa Cruz/RS, que tem R$ 45 milhões disponíveis para a saúde e R$ 4 milhões para o órgão de trânsito, para trabalhar nos quatro anos de governo. “É complicado conseguir muita coisa com esse dinheiro, mas de cada R$ 1 utilizado no trânsito se economiza R$ 5 na saúde. Hoje, metade dos leitos hospitalares do SUS são ocupados por vítimas de acidentes de trânsito. Por isso, é melhor um órgão público investir na prevenção do que depois investir na recuperação dos feridos e nas indenizações, além do sistema previdenciário, que é uma conta paga por toda a população. A segurança no trânsito

 

ESTUDO DE TRÂNSITO
Segundo o engenheiro Rui Pires, o estudo do trânsito de SMOeste foi concluído há mais de dois anos, e apesar do investimento do município ninguém entrou em contato para dar continuidade ao trabalho e elaborar projetos para solucionar os problemas apontados no estudo.
Pires explicou que os principais problemas detectados no trânsito de SMOeste estão na área central e na Rua Willy Barth. Já as causas de acidentes são muitas, de acordo com o especialista, porém muitos são causados por problemas nos estacionamentos, pela inexistência de semáforos, por problemas na sinalização, velocidade excessiva e desrespeito à sinalização e aos pedestres. “Para minimizar esses problemas eu coloquei algumas sugestões no estudo, como a colocação de todos os elementos do trânsito dentro dos padrões do Plano Diretor, a reformulação dos pontos de conflito, a eliminação dos pontos críticos existentes, a melhora da sinalização para orientar motoristas e pedestres, além do estudo no estacionamento, da análise dos acidentes e do tráfego, bem como projetos para proteção dos pedestres, campanhas educativas, porém até hoje ninguém entrou em contado comigo para dar seguimento ao trabalho. A prefeitura não tem um técnico para fazer esses projetos e precisaria de um assessoramento, mas ninguém me chamou, ninguém pediu assessoria, foi feito o estudo e nada mais. E, para buscar recursos para qualquer obra é preciso ter projetos. Sem projeto não se tem liberação de recursos e sem recursos não se tem obras. É uma preocupação nossa como especialista buscar a solução e não somente apresentar um trabalho técnico e nunca mais voltar”, destaca.

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