Fim das sacolas plásticas em mercados é discutido no Legislativo

Fim das sacolas plásticas em mercados é discutido no Legislativo
Folha do Oeste

Campanha passa a valer no dia 16, quando sacolas plásticas não serão mais fornecidas em diversos estabelecimentos

Com o objetivo de prestar esclarecimentos e detalhar o projeto “Sacolas ecológicas e nosso compromisso com o planeta”, os representantes do instituto Catuetê estiveram na sessão da Câmara de Vereadores de São Miguel do Oeste na última quinta-feira, dia 27. O convite partiu após a aprovação de requerimento de autoria dos vereadores Airton Fávero, Claudete Fabiani e Flávio Ramos, todos do PMDB.
A presidente da entidade, Indianara Herbert, palestrou sobre a evolução dos debates sobre as questões ambientais no mundo. Após, abriu-se espaço para os questionamentos dos vereadores, e a maior parte deles foi a respeito da viabilidade do projeto e sobre a necessidade de conscientizar os consumidores. Os principais questionamentos foram relativos às embalagens dos produtos, também feitas de plástico, e de outros tipos de lixo, como o eletrônico, por exemplo. Segundo Indianara, existem várias outras medidas que poderiam ser tomadas, mas parar o uso das sacolas plásticas nos mercados é apenas o primeiro passo. “Alguém tem que fazer isso. É pouco o que vai acontecer agora, mas vai representar muito no futuro. Qualquer atitude ecológica já vale a pena”, disse.
O presidente da Câmara de Vereadores, Valnir Scharnoski (PP), salientou que a população está preocupada e com muitas dúvidas a respeito do projeto. “Acredito que esse trabalho deve começar com um uma campanha de conscientização. E isso deve partir do poder público, do Executivo. Temos que trabalhar no sentido da coleta e do tratamento seletivo do lixo”, disse o presidente.
Scharnoski salientou que não é contra o projeto de substituição das sacolas plásticas por sacolas retornáveis. “Reforço minha opinião de que temos que trabalhar na conscientização das pessoas. Esse projeto não é uma Lei municipal, é um acordo que envolve a ONG, o Ministério Público, os mercadistas e comerciantes. Mas o Legislativo está de portas abertas para que mais entidades venham se manifestar, para chegarmos a um consenso, que será o mais benéfico para toda a sociedade”, destacou.
O vereador Flávio Ramos (PMDB) também disse que primeiro deve-se fazer um trabalho de conscientização das pessoas e que o trabalho da coleta seletiva deve ser implantado o mais rápido possível. “As pessoas ainda estão confusas, por isso é necessário que sejam feitos esses esclarecimentos. Algumas pessoas não entendem o por quê de abolir as sacolas se produtos continuarão sendo comercializados em embalagens plásticas. Por isso é importante essa discussão, para tirarmos todas as dúvidas”, afirmou.
O vereador Milto Annoni (DEM) acredita que o projeto vai ter resultados. Segundo ele, alguém tem que ter uma iniciativa, e é isso que o Instituto Catuetê está fazendo. “Essa entidade abraçou a questão das sacolas plásticas. Daqui a pouco vem alguém e trabalha com o lixo eletrônico. Essas ações nos pequenos municípios podem gerar grandes ações”, salientou.

ACEITAÇÃO DA POPULAÇÃO
A partir do dia 16, para quem aderiu à campanha do instituto Catuetê, não será mais feita a distribuição das sacolas, daí a conscientização para o uso das sacolas retornáveis. As sacolas plásticas só estarão disponíveis para venda, ao custo de R$ 0,50 o kit com cinco sacolas.
Para o empresário e vice-presidente do conselho da Acats (Associação Catarinense de Supermercados), Francisco Crestani, a população está aceitando bem a troca das sacolas plásticas pelas retornáveis em São Miguel do Oeste. Conforme Crestani, a procura pelas sacolas retornáveis já está sendo maior. “O pessoal já está se prevenindo com a nova sacola. Também já estamos vendo muita gente vindo com a própria sacola para fazer as suas compras, a partir do último final de semana”, ressalta.
Segundo Crestani, em um supermercado de São Miguel do Oeste são utilizadas de 70 a 80 mil sacolas por mês, ao custo de R$ 0,04 por sacola, com uma média de custo de R$ 3 mil por mês. “Hoje, a população já paga essas sacolas, que em todos os supermercados têm o preço embutido em seu custo. Automaticamente esses valores vão sair do custo e, dependendo da empresa, essa economia pode ser abatida do valor do produto”, explica.
Agora, segundo Crestani, a estimativa, de acordo com exemplo da implantação deste mesmo projeto em Xanxerê, é de utilização 5% a 6% da demanda anterior. “Trabalhamos com essa mesma perspectiva, mas essa é uma atitude muito boa para o município. Isso vai gerar preservação do meio ambiente, preservando o próprio petróleo e poluindo muito menos a nossa natureza. É com esse objetivo que aderimos à campanha, e também para deixarmos um mundo mais saudável para os nossos filhos e netos no futuro”, enfatiza Crestani.

EMPRESÁRIOS DO RAMO
Para os empresários do ramo de embalagens, a retirada das sacolas pode gerar prejuízos e até demissões no setor. Segundo a empresária Marisa da Silva, a venda de sacolas plásticas é o “carro- chefe” de sua empresa, equivalendo a cerca de 80% do total de vendas.
De acordo com a empresária, é preciso esclarecer também que isso não é uma proibição e sim uma campanha de conscientização e que depende de cada empresário distribuí-la ou não. “As pessoas têm muita dificuldade em entender que isso não é lei. E isso vai dar um impacto grande nas nossas vendas, tanto que se essa proibição pegar na região e em SMOeste, eu vou ter que demitir funcionários. Vai gerar desempregos para nós e também nas indústrias, que serão afetadas diretamente”, enfatiza.
Marisa acredita que essa campanha não vai funcionar e que existem outras maneiras de se preservar o meio ambiente. “Eu também sou favorável à preservação do meio ambiente, mas acredito na reciclagem. Se a sacola não fosse reciclável, se não existisse um destino pra ela, tudo bem. Mas essas sacolas são 100% recicláveis e o certo seria a coleta seletiva de lixo, que geraria renda e emprego nos municípios”, enaltece.
Sobre o preso da venda das sacolas plásticas (a R$ 0,50 com cinco sacolas), Marisa destaca que a venda das sacolas é feita a R$ 0,03 a unidade. “Os mercadistas estão dizendo que vão vender as sacolas a preso de custo, o que não é verdade. Mas eu acredito no poder público, na prefeitura e nos vereadores e acredito que eles não vão permitir que isso se transforme em Lei. Existem tantas coisas que poluem, até mais do que as sacolas, e quem fez essa campanha não pensou nas pessoas que sobrevivem desse trabalho”, destaca a empresária.

CAMPO ERÊ
Na última semana, entidades e supermercadistas de Campo Erê realizaram mais uma reunião para acertar os detalhes do projeto da extinção das sacolas plásticas no município.
Neste sábado, dia 5, ocorre o lançamento oficial da campanha, com panfletagem de como vai funcionar a campanha. Nos próximos dias serão distribuídas as sacolas retornáveis, feitas pelos agentes municipais de saúde. Inicialmente serão confeccionadas quatro mil sacolas, que serão distribuídas nas residências. Para confeccionar essas sacolas, os órgãos promotores da campanha contam com o apoio financeiro de várias instituições, as quais terão seus nomes nas referidas sacolas.
A previsão da extinção total da distribuição das sacolas plásticas no município é até o próximo dia 5 de agosto. Dessa data em diante não existirão mais sacolas nos caixas dos supermercados e lojas.




 

Anterior

Sesc abre processo seletivo para Escola de Ensino Médio

Próximo

Diabéticos recebem aparelho para monitorar a taxa de glicose

Deixe seu comentário