Com a presença de mais de 430 participantes, o 2º Simpósio do Autismo foi um sucesso. O evento promovido pela Associação de Autistas, Pais e Amigos do Extremo Oeste, em alusão ao mês de abril, Mês de Conscientização do Autismo, e ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado no dia 2, foi dedicado à conscientização, inclusão e troca de conhecimentos sobre o TEA (Transtorno do Espectro Autista). Realizada no Latitude Eventos, em São Miguel do Oeste, a programação foi aberta para toda a sociedade, profissionais, familiares de autistas e a comunidade em geral.
De acordo com a presidente da Associação, Francele Rasche, a importância do evento é justamente levar informação e conhecimento para as pessoas. “A gente precisa desmistificar todo e qualquer preconceito, e isso é possível com a informação”, declarou. Francele ainda ressaltou o agradecimento a todos os presentes e a gestão de São Miguel do Oeste.
A presidente salientou a sua satisfação pelo grande número de participantes no encontro, e destacou que a Associação está à disposição para auxiliar as famílias. Segundo ela, atualmente a Associação de Autistas, Pais e Amigos do Extremo Oeste conta com cerca de 90 associados, promovendo acolhimento, debate, e auxílio aos mais carentes, auxiliando com o pré-diagnóstico e laudo. Francele enfatizou que interessados em fazer parte da Associação e conhecer mais sobre o trabalho desenvolvido pelo grupo podem entrar em contato através das redes sociais da Associação, no Instagram pelo perfil @autismosmo.
Nesta segunda edição, o Simpósio contou com a presença do renomado palestrante Kadu Lins, educador físico, estudioso e ativista da causa autista, que abordou o cuidado, a intervenção da família, intervenção das terapias juntamente com a escola, e o que pode ser feito para melhorar a vida das pessoas com autismo.
Kadu ressaltou estar envolvido com a causa autista há 12 anos, acompanhando diversas fases do autismo. Conforme ele, a sua grande missão na palestra foi despertar empatia nas pessoas. “A gente tem que estudar mais, fazer com que as leis sejam cumpridas. Muitas vezes, a gente luta para criar leis, mas na verdade já existem, a gente só tem que lutar para que elas sejam cumpridas. É preciso também capacitar mais pessoas. O autismo precisa de uma equipe multidisciplinar. Todos os profissionais têm que se envolver mais com isso”, salientou.
Com base em estatísticas, Kadu ainda citou que nos próximos anos, uma a cada duas pessoas vai ter contato direto com autista. “Se a pessoa ainda não tem contato direto, a minha grande recomendação é que comece a estudar agora, se informar, porque ela vai ter contato. E aí é uma oportunidade ela estudar antes, para ajudar a tornar a sociedade cada vez mais inclusiva”, sugeriu.
Outra pauta abordada por Kadu Lins no evento foi a importância da mãe, do cuidador, se cuidar. “Para que a gente possa cuidar dos filhos autistas, do autismo como um todo, é importante a gente estar bem de saúde física e mental”, ressaltou.
O deputado estadual Mauro De Nadal também participou do 2º Simpósio de Autismo, em São Miguel do Oeste, e abordou as leis e políticas públicas para autistas. Um dos defensores dos direitos das pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista) em Santa Catarina, De Nadal também falou sobre a importância do evento. “Precisamos debater o autismo em meio à sociedade. O crescimento do diagnóstico de autismo é um desafio que exige a atenção do poder público e da sociedade”, destacou.
O autismo é uma das bandeiras de mandato do parlamentar. De Nadal é autor de três leis para autistas:
- Lei Estadual nº 17.754/2019 – Institui a carteirinha de identificação do autista em Santa Catarina. Com ela, é possível ter acesso a diversos benefícios como transporte intermunicipal gratuito e prioridade no acesso a serviços públicos nas áreas de saúde, educação e assistência social.
- Lei Estadual nº 18.686/2023 – Torna indeterminado o prazo de validade dos laudos médicos que atestam deficiências permanentes, incluindo o autismo, evitando custos e transtornos para as famílias e pacientes.
- Lei Estadual n° 19.160/2025 – Obriga cinemas de Santa Catarina a oferecerem sessões adaptadas para pessoas com hipersensibilidade sensorial, como autistas e pessoas com Síndrome de Down, possibilitando mais acessibilidade e promovendo o lazer do público.
O Simpósio ainda contou com roda de conversa, com a presença de profissionais especializados, palestrantes e secretários. O evento também disponibilizou aos participantes uma cabine sensorial.
Durante o ato de abertura da programação, o prefeito de São Miguel do Oeste, Edenilson Zanardi, ressaltou que está andamento a construção do Centro do Autista em São Miguel do Oeste, um espaço que também será regional. A expectativa é que o Centro, localizado próximo à UPA (Unidade de Pronto Atendimento), seja entregue ainda neste ano.

SAIBA MAIS

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Dia 2 de abril é o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. A data foi criada pela Organização das Nações Unidas em 2007. Essa data foi escolhida com o objetivo de levar informação para a população, para reduzir a discriminação e o preconceito com as pessoas que apresentam o TEA (Transtorno de Espectro Autista).

Os números sobre a incidência dos transtornos não são exatos, mas o Censo Escolar dá uma ideia, em apenas um ano, o número de matrículas de pessoas com TEA passou de 429 mil em 2022, para 636 mil em 2023, no Brasil. Porém, estima-se que o número de casos seja muito maior, já que o autismo ainda tem um diagnóstico que não é simples. Além disso, ainda existe muita incompreensão, desinformação e preconceito.

Cada autista é único, com suas próprias habilidades e desafios. Frente a necessidade de entender melhor seus filhos, é que em 2019, um pequeno grupo de mães e pais, começaram a se reunir para compreender melhor, aceitar, acolher e levar a informação a sociedade. Foi assim que a Associação dos Autistas, Pais e Amigos do Extremo Oeste Catarinense surgiu.

No início os encontros foram de acolhimento, e a cada encontro mais pessoas participavam e isso fortaleceu o grupo. Em 2021 foi formada a associação de forma oficial. Desde então a associação vem desenvolvendo um trabalho muito importante, principalmente para as famílias mais carentes. Muitas vezes, e na maioria das vezes a demanda vem da escola e o professor é peça fundamental na observação das crianças, pois quanto mais cedo houver a intervenção terapêutica nesta criança, mais cedo ela vai se desenvolver melhor.

A Associação já ajudou e auxiliou mais de 50 crianças, proporcionando as terapias, pré-diagnostico, e a consulta com neurologista.  O diagnóstico aliás, não é uma sentença, mas sim um norte para a família.